Quando era puto e já morava em Lisboa, o minhoto Manuel Gonçalves descia à Baixa para papar filmes de cobóis, a cinco escudos os três de cada vez. Era o que havia mais no Salão Lisboa e no Arco Bandeira, contou numa destas manhãs, a derreter em banho-maria o chocolate para a mousse verdadeira que ia haver para o almoço no Outeiral.
O snack-bar/cervejaria com o nome da sua aldeia fica na Rua Saraiva de Carvalho, já quase na Rua da Estrela, e mentiríamos se escrevêssemos que por fora se dá alguma coisa por ele. Mas basta transpor a porta para começar a desconfiar que por ali o negócio sério é mesmo o dos caracóis.
A toda a volta do balcão há um painel de azulejos com cenas do Faroeste muito naifs e todas protagonizadas por bichos de casa às costas. Assaltos a diligências, raparigas de saloon, presos de roupa zebrada, catos no deserto… A ideia foi do homem que montou as bancadas de inox, que também adora coboiadas e lá convenceu o dono a encomendar os azulejos a um artista de Alcobaça.
Os caracóis estão desenhados todo o ano, mas só começaram a ser servidos cozidos pelo 25 de Abril e continuarão a sê-lo até meados de agosto, em pires, pratinhos ou travessas (€1,70, €3,20 e €6,50), quase sempre ganhando à concorrência das caracoletas assadas na brasa (€8,50). Escreve-se isto e até já cheira a verão.
Hoje há caracóis no Faroeste
Crónica Por Lisboa
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