Não somos menos do que os alemães – até seremos melhores do que Schäuble a distinguir um café excelente quando ele nos passa pelo nariz. Estaríamos a exagerar se escrevêssemos que isso pode acontecer logo na Rua do Quelhas, onde deixamos o carro, mas basta descermos a pé um pouco da Travessa do Pasteleiro, na Madragoa, para sentirmos que planamos na direção de um café acabado de fazer.
É o que parece vir do número 32, ó ignorância, envergonhar-nos-íamos se não soubéssemos que ali se torra café com as mesma achas de madeira que veremos empilhadas num cubo quase perfeito junto da máquina onde todas as manhãs de segunda e quarta-feira é torrada uma tonelada de grão. E que, inevitavelmente, Jorge Monteiro (filho do minhoto que veio para Lisboa a sonhar com pequeno-almoços de bolo-rei, e de marçano se fez vendedor antes de fundar os Cafés A Flor da Selva, em 1950) há de oferecer-nos um café diferente.
“Nem melhor ou pior, apenas diferente do que há no mercado”, dirá Jorge, explicando que a diferença está na madeira e nas misturas dos cafés que já não vêm só das Áfricas em que se inspira a imagem das Flor da Selva. E ainda na máquina que os alemães adoram ver funcionar antes de comprarem café para beber em casa. Sim, é alemã, ri-se o nosso homem, “e excelente”.
Quando há café a invadir uma rua
Crónica Por Lisboa
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