Sete anos é muito tempo. Foi o que pensei quando apanhei uma chapada de máscaras rituais e logo a seguir de colares de penas amarelas, cor de laranja e azuis, ainda mais espantosas quando misturadas com asas de escaravelho de um verde-brilhante.
Esta das asas tiveram de me dizer, nunca chegaria lá sem ajuda. E eu, que ia lançada para escrever que as visitas guiadas são para gente certinha, calei-me bem calada e ouvi. Ouvi e vi tudo o que havia para ver nas Galerias da Amazónia do Museu Nacional de Etnologia, na verdade umas reservas que poucos sabem poder visitar (por marcação).
São centenas de peças que pertencem a três coleções, a primeira feita nos anos 60, pelo português Victor Bandeira. Uma parte foi mostrada logo em 1966 e, vinte anos depois, na exposição Índios da Amazónia. Agora, mistura-se com a recolha que o brasileiro Aristóteles Barcelos Neto fez na tribo Wauja, do Alto Xingu, entre 1999-2000.
Quando olhei de frente uma máscara fêmea Wauja, senti uma inveja boa de quem andou no terreno. E também da minha irmã Bárbara (Assis Pacheco), que um dia quis desenhar estas peças, uma a uma. O resultado do seu encontro com as Galerias da Amazónia foi a exposição Desenhar Para Ver, em 2009. Sete anos é muito tempo e, no entanto, parece que foi ontem.
Sorte é poder visitar estas reservas
Crónica Por Lisboa
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