Ao tempo as prateleiras da mercearia Pavilhão Chinez (a grafia a remeter para uma casa que se dizia armazém de víveres) aguentavam o peso de chás, especiarias e outros produtos orientais. Não sabemos se há cem anos tais chinesices ainda arredondariam bocas em ó, mas gostamos de imaginar as meninas de boas famílias que iam aprender a desenhar com o mestre Roque Gameiro, no ateliê da Rua D. Pedro V, a pararem frente às montras.
Hoje entra-se no bar que Luís Pinto Coelho abriu há 30 anos na antiga mercearia e não há maneira de não abrir muito os olhos. O adolescente colecionador tornou-se um antiquário generoso que gostava de mostrar os tesouros a quem lhe batia à porta. E, em fevereiro de 1986, depois de embascacar Lisboa com a decoração dos bares Procópio, A Paródia e Foxtrot, deixava-nos qual rei pasmado de Ballester.
Começava (e ainda começa) logo pela carta do bar. Sem cortina branca à frente, ela traz-nos um corrupio de mulheres, algumas meio-despidas a antecipar o estilo pin up. E, no meio de desconhecidas, lá está Josephine Baker, de plumas, que Henri Fournier põe a dançar. Os desenhos foram pedidos emprestados à revista francesa Le Sourire, uns quantos exemplares comprados numa banca de rua em Paris. Por causa deles, nunca foi tão difícil escolher uma bebida.
Abrimos a carta de bar e logo sorrimos
Crónica Por Lisboa
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