Era domingo, como devia ser, e eu entrei logo a matar. “Meninas, regra número 1: Não arrastar os pés porque os jardineiros estiveram a alisar a gravilha.” Se calhar foi por isso que não consegui lembrar-me do nome das plantas de folhas enormes e recortadas, mãe, aquelas que desenhavas nas aulas de Ciências. Estive para telefonar, mas ainda eras capaz de entrar em modo quiz. E eu, tirando papoila em francês (coquelicot!), sou nula em Botânica apesar da herança genética.
Safou-me a araucária que está à entrada (do lado do Museu do Traje) ter largado rabos-de-gato. Aos guinchos de “O meu é maior do que o teu!”, elas desembestaram pelo caminho das hortenses e correram escadas a baixo, rumo ao tanque do leão. E, no minuto seguinte, tentavam abraçar aquela outra araucária gigante antes de assustarem os patos do lago.
Há coisas que não mudam e ainda bem, mãe. Revi-me na tentação da B. de apanhar flores e na urgência da F. em galgar os socalcos. E vi-me a copiar-te, a atrasar-lhes os passos, lendo as placas junto às árvores e arbustos. Cobiçámos o palácio do Museu do Teatro e só depois ficámos a pastar no primeiro prado, por estes dias verde e amarelo das azedas. Deitada ao sol, concentrei-me nos melros, fingi que não dava pelo carros na Calçada de Carriche e gozei o privilégio de ter em Lisboa um parque como o do Monteiro-Mor.
Revisitar os prados e as araucárias
Crónica Por Lisboa
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