Não há dois vinhos iguais, ainda que sejam elaborados com uvas da mesma casta, provenientes de videiras cultivadas em condições idênticas de solo e clima, e submetidas a vinificações em tudo similares. Podem ser muito parecidos no perfil e até na qualidade, mas iguais, não. Porque cada vinho encerra os seus mistérios e tem os seus encantos. Cada vinho é único e irrepetível. Vem isto a propósito dos três monovarietais da casta Alvarinho aqui apresentados: Alvarinho Deu La Deu Monção e Melgaço Branco 2020; Howard’s Folly Alvarinho Monção e Melgaço Branco 2018; e AdegaMãe 221 Alvarinho IG Lisboa 2017. São todos Alvarinho, bem-feitos e apetecíveis, mas cada qual com sua virtude e seu preço.
O Deu La Deu Alvarinho 2020 é um vinho de grande volume (500 mil garrafas/ano), produzido pela Adega Cooperativa de Monção – uma das maiores, mais ativas e mais bem apetrechadas do País, com 1 720 associados –, na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, sub-região Monção e Melgaço, que é a única com direito à designação “Vinho Verde Alvarinho”. O grande volume não obsta a que o vinho dê boa expressão à casta, com o seu perfil floral e frutado, a acidez viva, a estrutura forte e o elevado teor alcoólico, num conjunto envolvente.
Ao invés, o Alvarinho Howard’s Folly é de um pequeno produtor, Howard’s Folly Wine, do empresário britânico Howard Bilton e do enólogo australiano David Baverstock, este há muito radicado em Portugal, sendo diretor de enologia do Esporão. O seu projeto é a compra de uvas de vinhas velhas do Alentejo e da sub-região Monção e Melgaço, como é o caso do Alvarinho, e fazer vinhos excelentes, tirando partido da matéria-prima e do saber do enólogo.
O AdegaMãe 221 é um caso especial, porque resulta de dois vinhos Alvarinho, um de Monção e Melgaço, outro de Torres Vedras, que fermentaram em separado e só foram reunidos no lote final após nove meses de estágio em barricas de carvalho-francês, sobre borras finas, com batimento das mesmas. De um encarregou-se o enólogo Anselmo Mendes, cognominado “o senhor Alvarinho”; e do outro, Diogo Lopes, seu discípulo e já, também, mestre. É um vinho extraordinário de 2 regiões, 2 enólogos e 1 casta, como diz a marca.
Alvarinho Deu La Deu Monção e Melgaço Branco 2020
Cem por cento da casta Alvarinho, sendo feita uma seleção das uvas. Tem aspeto brilhante, cor citrina viva, aroma intenso com notas dominantes a fruta cítrica e tropical a que se juntam referências florais, paladar harmonioso, com acidez viva mas bem integrada, textura suave. Pode ser bebido como aperitivo ou a acompanhar petiscos, em especial se forem mariscos, bem como pratos de peixe e de carnes brancas. €6,49
Howard’s Folly Alvarinho Monção e Melgaço Branco 2018
Exclusivamente da casta Alvarinho, de vinhas velhas de pequenos produtores das terras altas de Melgaço, na sub-região de Monção e Melgaço, Região dos Vinhos Verdes. Tem aspeto brilhante, cor citrina, aroma intenso e complexo com muito boas notas de fruta, sobretudo cítrica, e de flores, paladar bem estruturado, firme, envolvente, com fruta, acidez e mineralidade bem presentes e entrosadas. €12
AdegaMãe 221 Alvarinho IG Lisboa 2017
Só de uvas Alvarinho produzidas em Monção e em Torres Vedras. Trata-se de uma homenagem à casta, pelos enólogos Anselmo Mendes e Diogo Lopes, que fizeram um vinho de excelência, longamente estagiado em garrafa (três anos). Tem cor palha dourada radiante, aroma rico e complexo a fruta branca madura e casca de laranja com um toque de mel, paladar com volume, textura e harmonia cativantes. €25