![Crânios, cáries e um crocodilo](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/8229259IMG_20160210_111849.jpg)
Podia escrever sobre os ossos de um hipopótamo encontrados em Condeixa-a-Velha ou os de um urso que terá morrido na Gruta das Fontainhas, em plena serra de Montejunto. Também daria uma boa história a cabeça de um leopardo com toda a probabilidade caçado no planalto de Porto de Mós. Hmm… E se me concentrasse na trepanação, confirmada na Gruta da Furninha, em Peniche, e nos outros crânios alinhados nas vitrinas do Museu Geológico que nos lembram a finitude disto tudo e ainda trazem as cáries que moeram fininho antes do “ai” final?
Pensando depressa, podia escrever apenas que neste museu sem touchscreens dá gozo aprender. Mas como resistir a acrescentar que, no segundo andar do mesmo Convento de Jesus onde levitam os doutos da Academia das Ciências de Lisboa, há peças que nos trazem a espuma dos dias da Pré-História portuguesa?
Antes de reparar num canino de lobo com furinho e numa pulseira com pedras verdes, passo pela sola de uma alpergata, um gorro e um cesto de transporte de minério (os três de esparto, encontrados em Aljustrel) e espanto-me – são do séc. I d.C.!, como é a tábua de bronze com leis romanas. Mas ainda antes disso tudo já parara junto a um crânio sorridente de um bicho enorme que há 12 milhões de anos andava por Lisboa. Lindo, este “Crocodilo de Chelas”, não é?