Cozinha do mundo
A viagem pelo mundo dos sabores internacionais começa em Lisboa, mais concretamente no Cais do Sodré, e tem duas paragens gastronómicas, uma no Muito Bey, para se provarem os pratos libaneses, outra numas portas mais ao lado, para se experimentarem os sabores peruanos no Segundo Muelle. O percurso continua pela cozinha niçoise do L’Anisette e pela sul-americana no restaurante do chefe Chakall, o El Bulo. Siga-se pelos sabores italianos: em Lisboa, há várias moradas novas a ter em conta, como a pizzaria Glory, que fica ao pé do Elevador da Glória, o Il Matriciano Al Mare e o l’Italiano, no El Corte Inglés; já no Porto, o RT merece o destaque, principalmente pela focaccia, o tradicional pão achatado italiano feito de azeite e alecrim. E, depois do êxito alcançado em Lisboa, abriu em Guimarães o primeiro “franchisado” da Luzzo, uma pizzaria “pura e dura” que pretende contrariar o domínio da comida regional na cidade minhota. E, já que estamos a norte, dê-se um salto à Póvoa de Varzim que, depois de Leça da Palmeira, acolheu o mais novo membro do grupo Los Ibéricos, o Lota Ibérica, onde se pisca o olho à cozinha espanhola, por supuesto.
De regresso a Lisboa, provámos no Miss Jappa, pratos do novo e velho Japão, país que nos deu a gastronomia servida também à mesa do Aron Sushi, o segundo restaurante do discípulo de Takashi Yoshitake, do Nómada, aberto pela mão de dissidentes do Sushic, e do Koppu, especializado em sopas com base num caldo de legumes, ovos e massa. Do Oriente, Kiko Martins trouxe para O Asiático receitas indianas, coreanas, tailandesas e vietnamitas. Também na gastronomia daquele lado do mundo se inspirou o restaurante Bao, com os pães bao recheados de forma criativa.
Cozinha tradicional portuguesa
Já leva quase um ano a dar-nos a provar receitas especializadas nas dietas paleo, vegetariana, vegan e crudívora, a cafetaria Água no Bico, a funcionar desde janeiro no Polo Cultural Gaivotas, em Lisboa. Noutro registo, mas sempre com o que de melhor temos na gastronomia portuguesa, o Café Garrett, instalado no foyer do Teatro Nacional D. Maria II, serve comida de conforto e de memória, cozinhada pelo chefe Leopoldo Calhau. E, mantendo a boa cozinha portuguesa com um salutar toque de inovação, o Pap’açorda fechou num lado e abriu noutro, mudando-se para o Mercado da Ribeira.
Novidade é também o Bairro do Avillez, do chefe de cozinha José Avillez, inaugurado em agosto, no Chiado, com sabores portugueses. Uma das aberturas mais faladas e esperadas de 2016, sem dúvida. Não muito longe, no restaurante Bagos Chiado, liderado por Henrique Mouro, ficámos a saber que o arroz pode estar presente em todos os pratos, das entradas às sobremesas. Na Mouraria, o recente Abre-Latas aposta nos sabores do atum, sardinha, enguias e carapaus, sem artifícios. Ementa diferente tem o Gioia Food Lab, onde o açúcar, o trigo e os refinados não entram. E mais permissivos são os sete restaurantes e o bar de cocktails do Palácio Chiado, com opções para todos os gostos.
Já no Zé Varunca, no Bairro Alto, reina a açorda, as migas de bacalhau e o cozido de grão. E, falando de Alentejo, viaje-se até ao restaurante da Quinta do Quetzal e conheça-se a arte do chefe de cozinha Pedro Mendes. Produtos locais, o vinho da herdade e um receituário antigo com nova roupagem são os ingredientes com que se faz esta cozinha de partilha, em Vila de Frades, na Vidigueira.
Da nossa costa vêm os peixes e mariscos usados pelo chefe de cozinha José Cordeiro, no seu novo The Blini, no Porto. Foi nesta cidade que o galerista Fernando Santos abriu o Oficina arte.gastronomia, um projeto cultural que quer criar relações entre a arte e a gastronomia. Vale a pena passar também no The Cork House, decorado a cortiça e com uma ementa de autêntica cozinha tradicional portuguesa. Do lado de lá do Douro, construiu-se de raiz, no jardim de inverno do hotel The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, um restaurante com cozinha mediterrânica e uma vista privilegiada sobre o Porto e o Douro: no The Orangerie chefia Ricardo Costa. Já Vítor Matos inaugurou o 5uinhentos & 5inco – Cozinha de Memórias, na Póvoa de Varzim, repescando alguns dos seus pratos mais emblemáticos e genuínos.
Com raízes portuguesas e uma pitada de “estrangeirismo”
Alta cozinha em ambiente sofisticado, mas descontraído, assim descreveu o crítico gastronómico da VISÃO Se7e, Manuel Gonçalves da Silva, o novo Alma, em Lisboa, do chefe de cozinha Henrique Sá Pessoa. Outro cenário é o que se encontra n’A Bicicleta, “estacionada” no Novotel Lisboa e com petiscos inspirados na cozinha tradicional portuguesa e ainda algumas sugestões com um toque internacional. Já perto do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, ao lado do Terreiro do Paço, descobre-se o Hotel Alma Lusa, e no seu interior a Delfina – Cantina Portuguesa, que serve as bem portuguesas iscas de vitela com molho de manteiga de salsa com limão, assim como o italiano penne salteado de legumes com molho de caril. No Café Colonial, que ocupa o piso térreo do Memmo Príncipe Real, a ementa do chefe de cozinha Vasco Lello inspira-se nas viagens que os portugueses fizeram pelo mundo. Termine-se agora esta viagem gastronómica no Porto, no restaurante Puro 4050, do chefe Luís Américo Teixeira, com cozinha mediterrânica e um bar de mozzarellas que vale a pena conhecer.