Portugal está a ficar à mercê dum grupo de mercenários da fé vindos do Brasil que aqui se instalam sem qualquer controlo. Já temos cá tudo quanto é grupo neopentecostal brasileiro, incluindo os ligados aos pouco recomendáveis Edir Macedo, Valdomiro Santiago e Silas Malafaia.
Mas estes nem são os piores. Os mais tóxicos de todos são os desconhecidos que lançam mão de todos os expedientes, legais e ilegais a fim de encher os bolsos à custa da miséria alheia, da pobreza e da exploração dos migrantes. Alguns destes acham normal cobrar aluguer de quartos em lugares que mais parecem pocilgas, por valores exorbitantes, a grávidas e famílias com crianças pequenas, sem mínimas condições de salubridade ou higiene. Tudo isto é feito à margem da lei. Não há contratos de arrendamento nem recibos de aluguer, pois a legislação não permite que nenhum desses espaços seja utilizado para fins habitacionais.
Um destes aproveitadores autointitula-se “bispo” (duvida-se que alguma vez tenha sido ordenado sequer como pastor) e diz-se responsável duma igreja evangélica (desconhecida na Aliança Evangélica Portuguesa), mas não passa dum explorador dos necessitados e socialmente mais vulneráveis. É mais um daqueles que fazem da fé um negócio. É arguido em vários processos na justiça e há fortes suspeitas da prática reiterada de crimes como fuga ao fisco e auxílio à imigração ilegal.
Mas isto não é brincadeira, estes tipos são mesmo perigosos porque não revelam quaisquer escrúpulos em utilizar todos os meios para alcançar riqueza e poder, mesmo recorrendo ao atropelo da lei.
Consta que este Zaqueu é um dos que já tentou fazer uma negociata com o PSD, tentando vender-lhe cem mil votos de evangélicos a troco dum lugar de deputado. Seria uma vigarice sem nome porque o voto dos evangélicos se distribui por diferentes partidos e aqui não há “currais eleitorais” como na terra dele.
Mas parece que Montenegro nem lhe respondeu, e bem. Consta também que mais tarde tentou aproximar-se do Chega mas a coisa não terá corrido bem, pelo que depois foi instalar-se nessa aberração política chamada ADN, ao que parece para tentar criar uma bancada evangélica à maneira do que sucede no Brasil. Acontece que a denominada “bancada da Bíblia” no Congresso de Brasília tem fama de ser a mais corrupta de todas… O Zaqueu, agora, diz que quer criar um partido. No fundo, todos estes mercenários da fé só querem dinheiro e poder. Aliás, o homem diz-se cristão e evangélico mas usa um kippah judeu, o que só abona da sua confusão mental.
A verdade é que se Jesus descesse agora à Terra teria que voltar a dar uso ao azorrague para expulsar estes vendilhões do templo. Mas, entretanto, seria boa ideia que as nossas autoridades se movessem para fazer cumprir a lei.
É óbvio que os proprietários desses espaços também são cúmplices na vergonha que se passa. Afinal, as casas são suas e deviam ter mais cuidado a quem as alugam. Mas o deus Mamon fala sempre mais alto.
Há décadas que tenho vindo a defender publicamente que os evangélicos precisam de se autorregular. Uma boa forma de o fazer seria a criação duma Ordem dos Pastores, com ligação à AEP (igrejas evangélicas) e ao COPIC (igrejas protestantes), que acreditasse periodicamente os ministros do Evangelho a pedido destas duas plataformas de comunidades de fé e em articulação com elas. Seria uma forma de isolar estes abusadores da boa-fé, exploradores dos pobres e vulneráveis.
A credenciação seria uma garantia para os proprietários dos espaços em arrendamento e ajudaria a protegê-los de futuros dissabores. São inúmeros os casos de indivíduos estrangeiros autointitulados pastores que alugam lojas para o culto religioso mas tempos depois desaparecem, deixando atrás de si dívidas de arrendamentos, além de muitas outras a fornecedores.
Se as autoridades não prestarem a devida atenção a este fenómeno, a situação irá degradar-se cada vez mais, pois já há também portugueses a seguir estes maus exemplos. Há que desmascarar estes indivíduos e acabar com esta vergonha enquanto é tempo.
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