A investigação liderada por Ruth Itzhaki, da Universidade de Manchester, na Inglaterra, sugere que o vírus do herpes está ligado a metade de todos os casos de Alzheimer.
Além disso, nos resultados do estudo, publicado na revista científica Frontiers in Aging Neuroscience, Itzhaki, que investigou esta ligação durante 25 anos, explica que várias investigações realizadas em Taiwan entre 2017 e 2018 deram conta de que certos medicamentos antivirais, administrados a pacientes com infeções graves pelo vírus do herpes, reduziram em grande escala o risco de demência nestes doentes.
“Os resultados surpreendentes incluem evidências de que o risco de demência senil é muito maior naqueles que estão infetados com o vírus do herpes simples, e que o tratamento antiviral contra o herpes provoca uma diminuição drástica no número de pessoas gravemente afetadas por HSV1 que, mais tarde, desenvolvem demência”, refere a autora.
A maioria das pessoas é infetada pelo vírus do herpes simples 1, o HSV1 , que é particularmente infeccioso para as células da mucosa oral, e que é conhecido por herpes labial. De acordo com a investigadora, esta estirpe pode estar por detrás de mais de metade de todos os casos de Alzheimer.
O vírus, diz a investigadora, alimenta proteínas beta-amilóides, geralmente observadas no cérebro de pacientes com Alzheimer: ele próprio causa depósitos proteicos característicos da doença – uma espécie de placas entre os neurónios e as ligações dentro deles.
“As principais proteínas dessas placas e ligações acumulam-se também em culturas de células infetadas pelo HSV1 “, afirma a investigadora. “E medicamentos antivirais podem prevenir isso”, continua.
Trabalhos anteriores conduzidos pela investigadora mostraram que o herpes labial é mais comum em pessoas portadoras de uma mutação genética, o alelo APOE-ε4, que, por sua vez, aumenta também o risco de Alzheimer.
Contudo, apenas em Taiwan estavam disponíveis os dados populacionais necessários para testar se tratamentos antivirais reduzem o risco de demência – aí, quase 100% da população está registada num banco nacional de dados de saúde, que tem sido muito explorado para obter informações sobre infeções e doenças microbianas.