Porque é que desafia a ideia corrente de que a geografia determina o destino?
A sugestão de que as nações são prisioneiras da sua geografia física é uma extensão do determinismo ambiental, segundo o qual fatores como as características da paisagem e o clima são entendidos como tendo um papel decisivo na formação das características humanas. Estas ideias são atraentes porque oferecem uma representação aparentemente óbvia e inteligível de um mundo complexo. No entanto, é também uma forma de compreender o mundo que coloca inevitavelmente um grupo ou nação acima de outro.
Embora os rios, os solos férteis, os recursos, a pluviosidade e as linhas costeiras tenham desempenhado papéis fundamentais na localização das povoações e das atividades humanas, afirmar que tudo decorre da geografia física é negar e desprezar o papel dos próprios seres humanos. A partir de ideias e inovações, os seres humanos estão constantemente a mudar a sua relação com o mundo. Sem nós, não haveria continentes, nem nações, nem economias. Em vez de ficarmos presos a uma visão míope do planeta que não consegue ver para lá dos horizontes da geografia física, o desafio dos nossos tempos é captar as ideias, as ligações e os encontros que sempre definiram a nossa relação com a Terra e uns com os outros.