Ricardo Alves tinha sete anos quando os pais fundaram a Riberalves. Na infância, viu de perto como eles lidavam com as contrariedades e também com as conquistas nos negócios, primeiramente na Garrafeira do Oeste e, depois, naquela que se viria a transformar numa das referências da indústria alimentar nacional. Entrou para a empresa aos 24 anos, numa fase em que João e Manuela Alves fechavam a compra das instalações na Moita, que permitiu aumentar a escala da Riberalves e lançar as bases para um crescimento sustentado ao longo dos últimos anos. Agora, aos 46 anos, o mais velho de dois irmãos está ao leme do navio-almirante do grupo, após um plano de sucessão feito de forma pensada e atempada. O objetivo é manter o legado construído pelos pais – continuando a envolvê-los no dia a dia da Riberalves –, consolidar mercados e nunca deixar de ser criativo para lançar novos produtos e reinventar as maneiras de levar o bacalhau ao prato de mais consumidores, dentro e fora de portas.
Em conversa com a EXAME, Ricardo Alves revelou como o grupo preparou a sucessão e o compromisso para manter a Riberalves no seio da família. Estes planos nem sempre são fáceis, como muitos casos empresariais e algumas séries televisivas bem demonstraram. Mas o gestor garante que na empresa familiar – que tem também atividade na área do enoturismo, vinho e imobiliário – o processo foi calmo e suave: “Os meus pais têm 80% das ações de grupo e eu e o meu irmão temos 10% cada. O meu pai está com 73 anos e a minha mãe com 67 e continuam ativos, o que é ótimo, mas há três anos chegou-se à conclusão de que era a altura de organizar a sucessão.” Para delinear o plano, a Riberalves recorreu a apoio externo. Foi contratada uma sociedade de advogados e ouviram-se as opiniões e experiências de responsáveis de outros grupos familiares. Uma das conclusões, e que Ricardo Alves deixa como conselho para outras empresas com cariz semelhante, é que “o fundador que queira assegurar um processo de transição que o faça em vida, criando um protocolo familiar com regras claras e óbvias, para que toda a gente esteja alinhada”.