Com o mote “Do resíduo ao recurso: Circularidade e reciclagem no setor dos plásticos”, o segundo painel das ESG Talks, em Leiria, juntou Amaro Reis – CEO da SACOS 88 e Presidente da Associação portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) – e Ricardo Pereira – CEO da Sirplaste e vice-presidente da reciclagem na mesma associação – para debater os atuais desafios do setor do Plástico e sustentabilidade com a moderação Margarida Vaqueiro Lopes, subdiretora da VISÃO. As ESG Talks são uma iniciativa promovida pelo novo banco, pela VISÃO e pela EXAME, em parceria com a PwC – que irá percorrer o País desde Sul até Norte.
Amaro Reis – CEO da SACOS 88 e Presidente da Associação Portuguesa da Indústria e Plásticos – foi o primeiro interveniente do debate referindo-se ao plástico como uma das “maiores invenções do século”. Para o empresário, os problemas que envolvem o plástico – muitas vezes considerado um produto “vilão” quando se fala em ambiente e sustentabilidade – estão, na verdade, do lado dos consumidores. “Não é um problema de material, é um problema de consumo”, disse. Ou seja, como se utiliza e o que se faz com ele, nomeadamente a seguir à utilização.
De acordo com Amaro Reis, há muito tempo que a indústria considera o fim de vida do produto e o toma as precauções necessárias para que seja mais fácil de destruir, através do reaproveitamento da matéria ou eliminação da mesma. Atualmente, muitas medidas impostas para a diminuição do consumo de plástico vieram, na verdade, dificultar o “fim de vida” dos produtos. Reis deu o exemplo dos copos de café descartáveis, outrora feitos em plástico, e que passaram a ser fabricados em papel. Se antes era possível reciclar ou destruir completamente o produto após a sua utilização, hoje, a sua nova composição – com uma fina camada isolante de plástico – não permite que sejam reciclados, acabando por ser enviados para aterro e com mais consequências para o ambiente.
“Nós só conseguimos promover a indústria do plástico se conseguirmos promover boas práticas”, começou por dizer. “Temos de ter consciência que vivemos num mundo consumista. O consumidor tem de estar informado e por isso a cadeia tem de o ajudar a tomar as melhores decisões”, acrescentou.
Já Ricardo Pereira – CEO da Sirplaste e vice-presidente da reciclagem na APIP – defende que, no final, o que conta acaba por ser o lucro e a sobrevivência das empresas. Para Pereira existe atualmente uma guerra entres os materiais – plástico, vidro e papel – para determinadas aplicações em produtos, e nem sempre existe uma adequação dos materiais. “Nós hoje temos muita desinformação e há muita coisa criada por marketing para fazer crer aos consumidores que têm uma atitude mais correta, mas acabam por enganá-los”, explicou.
Para o Presidente da APIP, Amaro Reis, os plásticos, não são um problema de material, mas de consumo, e é importante que a sociedade aprenda a viver com eles e a reciclá-los. “Cabe a nós indústria – associações, universidade, consumidores e ONGs – trabalharmos sem fundamentalismos para podermos dizer: se o desempenho deste produto é melhor em plástico, fica em plástico”, acrescentou.
Para concluir, Reis designou a facilidade e preço do produto, o trabalho com a comunidade académica e a desmistificação do tema como as três prioridades para tornar plástico num “aliado” à transição energética. “O plástico é um bom material e tem as suas aplicações, mas enquanto sociedade temos de lhe dar o uso correto”, concluiu Ricardo Pereira.