Coube ao ator José Wallenstein, que neste caso aparece enquanto pai de uma filha que em breve entrará no primeiro ciclo, entregar uma pen no Parlamento. Não se trata do Orçamento do Estado, mas das quase 50 mil assinaturas que recolheu em apenas quatro semanas na petição contra o peso excessivo das mochilas escolares em Portugal.
A vice-presidente da Assembleia, Teresa Caeiro, recebeu também a carta dirigida a Ferro Rodrigues. Devido ao número de pessoas que aderiu a esta iniciativa, o tema vai mesmo ser discutido pelos deputados (eram precisas 20 mil). Mas não se sabe se da discussão nascerá matéria legislativa.
Entretanto, o Secretário de Estado da Educação, João Costa, já se manifestou contra uma legislação específica para aliviar o peso das costas dos miúdos. José Wallenstein responde, dizendo que estas declarações “não fazem sentido”. Se as coisas se mantiverem como estão, o governante, acrescenta o ator e encenador, será “conivente e responsável pelos danos que isso causa na saúde das crianças”. E apela a que se resolva este “problema grave de saúde pública”.
A petição está dividida em duas partes: a primeira assenta em estudos sobre a matéria, realizados desde 2003, por várias entidades competentes. De seguida, apresentam-se algumas propostas concretas de resolução do assunto, partindo do pressuposto estipulado pela OMS de que o peso das mochilas não deve exceder os 10% do peso corporal.
Sugere-se, então, que haja cacifos suficientes em todas as escolas, que se aposte no suporte digital, que os livros sejam de papel mais leve e as matérias se tornem concisas.
José Wallenstein é o primeiro signatário, mas as sociedades portuguesas de medicina física e de reabilitação, neuropediatria, ortopedia e traumatologia, da patologia da coluna vertebral e de fisioterapeutas também se juntaram ao queixume. Esta última, aliás, lembra, em comunicado, que “as dores nas costas custam três vezes mais do que o conjunto dos custos relativos a todos os tipos de cancro”. Dá que pensar.