Aníbal Henriques, Augusto Neves, José Ferreira David e Lurdes Ventura Dias. São estes os primeiros arguidos no processo que está a investigar as irregularidades na atribuição de donativos para a reconstrução de Pedrógão Grande, confirmou a VISÃO junto de fontes judiciais.
Tal como o Departamento de Instrução e Ação Penal (DIAP) de Coimbra tinha adiantado numa nota publicada, na quarta-feira, na sua página eletrónica, foram “até agora constituídos quatro arguidos entre os requerentes de apoios” e, depois de vários órgãos de comunicação social terem adiantado os nomes de Aníbal Henriques e Augusto Neves, a VISÃO soube que também José Ferreira David e Lurdes Ventura Dias estão entre os visados iniciais do Ministério Público (MP).
Em causa, segundo o DIAP de Coimbra, estão “factos suscetíveis de integrarem os crimes de corrupção, participação económica em negócio, burla qualificada e falsificação de documento”.
Aníbal Henriques – num caso denunciado em primeira mão pela VISÃO a 19 de julho – terá alterado a respetiva morada fiscal para uma moradia em Sabrosa, nos Campelos (freguesia de Vila Facaia), apesar de até 18 de setembro (já três meses após os incêndios) ter como habitação permanente a Rua dos Castanheiros, também no concelho de Pedrógão Grande.
Augusto Neves, por sua vez, é irmão do presidente da Junta de Freguesia de Vila Facaia e, perante as câmaras da TVI, admitiu que mentiu a pedido do ex-vereador do Urbanismo Bruno Gomes para beneficiar das obras num imóvel que estava há anos em ruínas.
Já o caso de José Ferreira David prende-se com o facto de o também presidente da Assembleia de Freguesia da Graça ter procurado apoios indevidos para a recuperação de um imóvel na Carvalheira Pequena, desabitado há muito tempo.
Por último, Lurdes Ventura Dias (familiar do ex-vereador Bruno Gomes), outra das situações identificadas pela VISÃO há dois meses, pediu ajuda para obras numa casa na Aldeia das Freiras, pela quais a União das Misericórdias Portuguesas e a Fundação Calouste Gulbenkian pagaram mais de 76 mil euros, quando a requerente até outubro de 2017 assumia uma morada fiscal francesa. Mais: o marido, Manuel Paiva, nem alterou esse registo.
Os arguidos encontram-se sujeitos à medida de coação de termo de identidade e residência, acrescentava ainda a nota publicada na página do DIAP de Coimbra, referindo que as investigações prosseguem sob direção desta entidade, “com a coadjuvação da Polícia Judiciária”.
Recorde-se que este inquérito foi aberto a 19 de julho, como confirmou a Procuradoria-Geral da República na altura, na sequência de a VISÃO ter divulgado que pelo menos meio milhão de euros dos donativos teriam sido desviados para reconstruções de casas que não preencheriam os critérios de prioridade definidos pelo fundo Revita.