Inveja-se a ideia, o saber fazer e o enorme gozo dos homens a quem um dia pediram para calcetar a entrada do Jardim da Estrela em frente da basílica.
O tom é dado logo do lado de fora, no passeio que ladeia o muro baixo encimado por grades de ferro forjado. Basta pisar com atenção para encontrar no centro de algumas flores e estrelas desenhadas a preto qualquer coisa fora do baralho – pode ser uma mini estrela numa flor ou uma bola e uma circunferência numa estrela.
Mas é quando transpomos os portões que os detalhes ganham requinte por serem quase invisíveis. À primeira vista, o chão tem pretos e brancos que se cruzam, deixando quadrados pequenos brancos; nada de especial para quem cresceu a ver calçada à portuguesa. Só que o calceteiro que por ali passou não resistiu a fazer outros desenhos através do formato das pedras – ora estrelas, ora flores, ora geométricos.
Igualmente delicioso, e a um tirinho do Jardim da Estrela, é o bicho de rabo comprido que espreita no Largo do Rato. Uma dica: vá até ao passeio junto à Papelaria Fernandes, ande um pouco para a esquerda e beba um café.
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Crónica Por Lisboa