Para quem nunca viajou para a Ásia, uma refeição no novo Soão poderá ser um aperitivo para se pôr a caminho. Já para os que a conhecem, é um reavivar de boas recordações. Antes de os sabores nos arrebatarem à mesa, é a decoração que surpreende de tão bem conseguida que está. A conjugação de madeira, ferro, latões, redes de pesca típicas ou barris de saké abre caminho para uma viagem pela gastronomia de seis países asiáticos: China, Coreia, Índia, Japão, Tailândia e Vietname.
Ainda nem há três semanas abriu, e o chefe Luís Cardoso já pede que não se faça mais publicidade ao pad thai – por dia, estão a sair mais de 30 doses deste prato picante tailandês (€16, massa de arroz salteada com ovo, camarão ou frango, cebolo, amendoim, rebentos de soja e tamarindo). Da Índia, também as chamuças de cabra andam a dar que falar, com mais de 70 por dia. “Quisemos abrir um restaurante asiático em Lisboa, mas fugir dos bairros ditos da moda e investir nos lugares vividos por lisboetas”, diz António Querido, um dos sócios do grupo Sea Me que escolheu Alvalade para o seu novo projeto. Com provas dadas no Sea Me – Peixaria Moderna e nos quatro Prego da Peixaria espalhados pela cidade, o Soão vai, seguramente, ser um dos restaurantes mais cobiçados deste ano.
Na cozinha liderada por Luís Cardoso, discípulo do mestre Takashi Yoshitake (falecido fundador do restaurante Aya), trabalham pessoas de sete nacionalidades, incluindo Buranet Pornthep, que muitos conhecem do Thai Garden, em Almancil. Na cozinha toda a preparação das receitas começa de véspera, pois não há margem para falhar. Depois de uma viagem de três semanas às voltas pelo Oriente, Luís Cardoso concluiu que a melhor forma de criar uma ementa que refletisse tudo era fazendo dois pratos de cada país – e mesmo assim, ainda não conseguiu incluir todos os do Sudeste Asiático. “O mais difícil foi reproduzir o dim sum, tivemos de aprender a fazer a massa, depois o recheio e tudo no ponto certo”, explica o chefe. Encontrar o equilíbrio tailandês, entre o doce, o cítrico, o salgado e o picante, de pratos tão emblemáticos como o pad thai ou a sopa tom yum, também deu água pela barba.
Para uma refeição mais informal, escolha-se a taberna com balcão e mesas intimistas. Ali, vemos os sushimen a trabalharem quer os peixes frescos quer a robata, tradicional grelha japonesa a carvão (a 500o). À boleia do néon vermelho com a frase “Sake is a drink best served hot” (saké bebe-se melhor quente), descemos até à cave, onde, além das quatro salas privadas, parece que andamos a deambular nas ruas de Quioto, cheias dos tradicionais izakayas (tabernas). Que melhor sensação se pode ter? É fechar os olhos e sentir os aromas, antes dos sabores nos arrebatarem à mesa.
Soão – Taberna Asiática > Av. de Roma, 100, Lisboa > T. 21 053 4499 > seg-sex 12h30-15h30, 19h30-23h, sex até 24h, sáb 12h30-24h, dom 12h30-23h > menu degustação €85 ou €65 s/ bebidas > cerimónia do chá €9,50 a €19