Um novo estudo, realizado por investigadores da Universidade Nacional de Singapura e que incluiu pouco mais de 30 participantes, concluiu que as uvas, uma fruta muito “acessível”, como explicam os investigadores, podem ser muito benéficas para a visão.
“O nosso estudo é o primeiro a mostrar que o consumo de uvas tem um impacto benéfico na saúde ocular dos humanos, o que é muito emocionante, especialmente com uma população cada vez mais idosa”, afirma Jung Eun Kim, um dos autores do estudo.
No que diz respeito a alimentos benéficos para a visão, sabe-se a cenoura é um dos mais conhecidos, devido aos seus elevados níveis de betacarotenos, uma substância que é transformada em vitamina A pelo organismo, essencial para manter a saúde ocular.
Já a sua deficiência pode, em casos mais graves, provocar cegueira noturna, secura severa dos olhos, manchas no branco dos olhos e, até, cegueira.
Este novo estudo afirma, agora, que as uvas também podem ajudar a melhorar a saúde da visão e que estes efeitos podem ser notórios apenas quatro meses depois da ingestão diária desta fruta.
De acordo com a equipa, isto tem a ver com o facto de o processo degenerativo da visão dever-se, em grande parte, ao stress oxidativo, uma condição biológica em que o corpo não consegue combater os efeitos nocivos de resíduos chamados radicais livres.
Estes últimos, produzidos pelas reações celulares, podem causar danos nas células quando não neutralizados por antioxidantes.
Os AGEs e as suas implicações na nossa saúde
Os autores do estudo, publicado na revista Food & Function, concluíram que os principais fatores de risco para doenças relativas à saude ocular incluem o stress oxidativo e altos níveis de produtos finais de glicosilação avançada (AGEs, na sigla inglesa, que significa Advanced Glycation End-products), que se verificam em casos de hiperglicemia, por exemplo.
Os AGEs estão, também, ligados a uma grande lista de doenças crónicas, tal como a insuficiência renal crónica, a doenças inflamatórias e autoimunes e ao processo de envelhecimento.
Estes produtos, que provêm, na sua maioria, de fontes alimentares, formam-se quando um açúcar se torna quimicamente ligado a uma proteína ou a uma gordura, dentro do corpo ou não.
Apesar de não não os conseguirmos evitar completamente, já que se formam naturalmente no nosso organismo, em pequenas quantidades conseguimos lidar com eles através de mecanismos próprios.
Resultados muito positivos
Para chegarem a estes resultados, os investigadores pediram a uma parte dos voluntários que ingerisse, durante 16 semanas, uma chávena e meia de uvas, todos os dias. O outro grupo consumiu um placebo, durante o mesmo período de tempo, diariamente.
Após a análise dos resultados, a equipa percebeu que o grupo que tinha ingerido uvas demonstrou um aumento significativo na densidade óptica de pigmentos maculares (DOPM), que ajudam a diminuir e a filtrar a quantidade de luz principalmente azul que chega aos fotorreceptores, atuam como antioxidantes e podem melhorar a qualidade visual.
Além disso, detetou uma melhoria na capacidade antioxidante do plasma e no conteúdo fenólico total, relativamente aos voluntários que tinham consumido o placebo.
A equipa explica que as uvas, como são fontes naturais de antioxidantes e outros polifenóis, têm a capacidade de ajudar a diminuir o stress oxidativo e a inibir a formação de AGEs, tendo também possíveis efeitos positivos na retina, através da melhoria da DOPM.
Pelo contrário, os investigadores concluíram que no grupo do placebo foi detetado, no geral, um aumento significativo dos AGEs, que a equipa deu conta também poderem contribuir para muitas doenças oculares, danificando os componentes vasculares da retina, prejudicando a função celular e causando stress oxidativo.