Uma nova revisão de estudos concluiu que o desenvolvimento físico das crianças pode ser influenciado pelo cuidado e apoio psicológico que recebem, além dos fatores já conhecidos, como a genética, a dieta alimentar e o exercício físico.
De acordo com esta análise, o stress tóxico, provocado pela falta de apoio emocional e de transmissão de sentimentos relacionados com a esperança num futuro positivo, pode fazer com que os mais novos não se desenvolvam tanto, uma vez que pode haver um “bloqueio de hormonas necessárias ao crescimento e à altura”.
Pelo contrário, o bem-estar emocional das crianças pode estimular o seu desenvolvimento físico saudável e, segundo o bioantropólogo Barry Bogin, da Universidade de Loughborough, em Loughborough, Inglaterra, prevenir atrofias no crescimento.
O especialista analisou dados históricos relativos a alturas, entre 1800 e 1990, incluindo o período da Grande Depressão, um momento de recessão económica à escala mundial que durou cerca de seis anos (entre 1873 e 1879). Através desses dados, Bogin concluiu que os homens nascidos nos EUA em 1873 eram cerca de 3 cm mais altos do que os que tinham nascido em 1890, no rescaldo da grande crise económica.
Os dados do seu estudo, publicado no Journal of Physiological Anthropology, também deram conta de que, após essa depressão, a altura média masculina aumentou para cada ano de nascimento: nos EUA, por exemplo, aumentou de cerca de 169 cm em 1890 para 177 cm em 1960.
Contudo, o mesmo não se verificou quando o especialista analisou outros períodos de crise mundial, tais como a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, que não demonstraram o mesmo impacto na altura.
“A espécie humana requer fortes ligações sociais e emocionais, isto é, amor, entre pessoas mais jovens e mais velhas e, na verdade, entre pessoas de todas as idades”, explica, citado pela Sky News, Bogin, acrescentando que isto é essencial para “promover quase todas as funções biológicas, como a digestão e absorção de alimentos pelo corpo, um bom sistema imunológico, a felicidade geral e uma visão positiva da vida”.
Para explicar melhor esta ligação, o bioantropólogo deu ainda dois exemplos: por um lado, referiu que a média de altura de um homem na Guatemala é de 1,63 cm de altura e da mulher 1,49 cm; já nos Países Baixos, a altura média dos homens é de 1,83 cm e a das mulheres 1,69 cm.
Segundo o especialista, isto acontece porque na Guatemala os cidadãos estão expostos a violência de vários tipos, além de o contexto político ser uma questão também. Por isso mesmo, é um dos países que regista alturas mais baixas a nível mundial.
Por outro lado, os Países Baixos, que seguem políticas que incentivam a segurança e o bem-estar dos cidadãos, têm registo de algumas das pessoas mais altas.
Bogin explica que as conclusões do estudo confirmam que a altura é um “indicador sensível da economia em tempos em que não havia dados económicos, especialmente para a classe trabalhadora”, acrescentando que, nestes casos, a genética, a dieta e a atividade física não conseguem explicar as mudanças registadas na altura.