Sabe-se que, nas crianças, o défice de vitamina D pode provocar raquitismo (baixa estatura, ossos arqueados e caroços nas costelas); já nos adultos e idosos, pode causar osteomalacia (ossos fracos e quebradiços, falta de força, dor muscular e tendência à depressão), além de contribuir fortemente para o aparecimento da osteoporose nos adultos.
Agora, um novo estudo, desenvolvido por investigadores de diferentes universidades, concluiu que a ingestão de vitamina D em pessoas mais velhas pode reduzir em até um quinto as probabilidades de ocorrer um ataque cardíaco.
O objetivo dos investigadores era avaliar o impacto da toma de vitamina D na saúde cardíaca, uma vez que estes efeitos ainda não tinham sido amplamente estudados, referem os investigadores.
A equipa do estudo, que incluiu mais de 21 mil australianos entre os 60 e os 84 anos, acompanhou os voluntários durante 5 anos, analisando dados sobre quaisquer eventos cardiovasculares com relevância ao longo desse tempo, incluindo episódios de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e cirurgias de revascularização do miocárdio, conhecidas por pontes de safena, que contornam os bloqueios nas artérias do coração com o objetivo de ser restaurado o fluxo sanguíneo para o órgão.
Os resultados do estudo, publicado na revista científica BMJ, revelaram que, no grupo dos participantes que tomou suplementos de vitamina D houve 19% menos casos de ataques cardíacos, relativamente ao grupo dos voluntários que ingeriram um placebo.
A equipa identificou, também, ao longo do acompanhamento, que 1336 participantes sofreram um grande episódio cardiovascular, sendo que 6,6% faziam parte do grupo que estava a tomar o placebo e 6% do grupo que tomava, efetivamente, a vitamina D.
Além disso, a taxa de revascularização miocárdica foi 11% menor no grupo da vitamina D. Contudo, em relação aos eventos de AVC, os investigadores não detetaram diferenças entre os dois grupos.
“Estas descobertas indicam que a suplementação de vitamina D pode reduzir a incidência de eventos cardiovasculares de relevância, particularmente infarte do miocárdio e revascularização do miocárdio”, referem os investigadores, acrescentando que “esse efeito protetor pode ser mais acentuado naqueles que tomam estatinas” – fármacos utilizados para reduzir os níveis de colesterol no sangue e prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares – ou outros medicamentos cardiovasculares.
O Sol é a principal fonte de vitamina D, sendo que, em condições ideais, esta fonte forneceria entre 80% e 90% das necessidades de vitamina D. No entanto, a síntese é afetada por diversos fatores, como a latitude, a estação do ano e a pigmentação da pele, por exemplo.
Em 2020, um estudo que analisou a carência de vitamina D na globalidade da população portuguesa adulta e concluiu que que dois em cada três portugueses tinham défice desta vitamina.
No fim do ano passado, pelo contrário, o Centro de Estudos e Avaliação em Saúde da Associação Nacional de Farmácias informou que a compra de suplementos com vitamina D estava a aumentar constantemente em Portugal, apesar de a Direção-Geral da Saúde (DGS) não recomendar o uso de medicamentos para tratar a falta de vitamina – a não ser em casos concretos.
Só entre janeiro e setembro de 2022 tinham sido compradas mais de 90 mil embalagens de suplementos de vitamina D e 725 mil embalagens de multivitamínicos com vitamina D nas farmácias portuguesas.
Em 2019, a DGS emitiu uma norma que defende a educação para a saúde e o foco nas medidas não farmacológicas para obtenção de vitamina D, que inclui a exposição ao sol (com cuidados) e uma dieta rica em peixes gordos e ovos.