Em dia de luto nacional pela morte do Papa Francisco, milhares de pessoas responderam ao apelo para celebrar nas ruas o 25 de Abril e encheram a Avenida da Liberdade para o tradicional desfile comemorativo da Revolução de 1974, ladeadas por outra multidão que assistiu nas laterais.
Com a avenida cheia desde a zona do Marquês de Pombal até à Praça dos Restauradores, ouviram-se gritos de celebração da liberdade e da democracia.
“Venho desde que me lembro de ser gente. É uma manifestação de amor pela liberdade, pela democracia, num tempo em que isso é cada vez mais necessário, dado o ressurgimento da extrema-direita. A única resposta é afirmar a alternativa pela liberdade, pela democracia”, disse à Lusa um dos manifestantes.

Entre os cravos vermelhos e bandeiras Portugal, partidos e movimentos associativos, os participantes erguiam também cartazes em que era possível ler mensagens como “Em cada rosto igualdade”, “A revolução será feminista ou não será”, “As mulheres ciganas também fizeram o 25 de abril “.
Outros dirigiam-se ao Governo, com avisos de que “Se o país continuar assim, a Assembleia voltará a ser um ninho de lacraus”.
Mais de uma hora depois de as duas chaimites marcarem o arranque da marcha, os primeiros participantes chegavam ao Rossio, onde a Associação 25 de Abril encerrou o desfile com um discurso de Adelino Costa, que substituiu Vasco Lourenço nessa tarefa. “Os ideais do 25 de Abril estiveram presentes no nosso percurso histórico nos últimos 50 anos e continuam bem vivos na sociedade portuguesa, (…) porém, há muitas ameaças a surgir no nosso horizonte”, alertou, defendendo que “Portugal tem de continuar a ser um país livre, justo, solidário e amante da paz”.
No final, ouviu-se novamente uma das senhas da revolução, a “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, entoada em uníssono uma última vez.