Podia dizer-se que enche a sala com o seu tamanho – com 1,92 metros, é difícil passar despercebido –, mas é a descontração e o sorriso de Cristiano van Zeller que tornam os espaços acolhedores. Marcámos encontro com o responsável da Van Zellers & Co no restaurante Rocco, em Lisboa, e foi à mesa que nos perdemos numa conversa sobre a sua vida dedicada à terra, as memórias e alguma futurologia em redor de Portugal, dos vinhos nacionais e da região do Douro. Porque Cristiano é um homem de família – algo que sempre afirmou publicamente –, aproveitou a deslocação a Lisboa para se encontrar com a filha, Francisca, e com o irmão mais novo, Pedro, que nos acompanharam numa refeição recheada de histórias. E de vinhos produzidos pela família – o mais antigo data de 1888 e mais não dizemos. O serviço de pairing, conduzido com mestria por David Rosa, conseguiu pôr-nos a beber o mesmo branco entre a entrada (tártaro de novilho) e o prato principal (massa com trufas e cogumelos) – a diferença de temperatura operou magia no vinho –, e seguimos com uma referência tinta para o lombo com foie gras. Ainda tentámos escapar à sobremesa, mas os olhos de Cristiano brilhavam tanto quando pediu o tiramisu – acompanhado com vinhos do Porto da Van Zellers & Co de 1860, 1870 e 1888 – que tivemos de nos render.
Cristiano van Zeller, que entretanto aceitou o desafio de ser fotografado na icónica garrafeira do restaurante, tem no portefólio passagens pela Quinta do Noval, Vallado, Quinta do Crasto, Quinta Vale D. Maria e, claro, é um dos rostos do Douro Boys – o movimento que desde os anos 1990 junta produtores com o objetivo de mostrar o potencial do vinho da região. Desde 2021, dedica-se em exclusivo à empresa da família, a Van Zellers & Co. A companhia conheceu uma nova vida depois de, em 2007, Cristiano a ter recebido de um primo como presente de Natal.