As autoridades portuguesas já apreenderam mais quantidade de cocaína em 2023, do que durante todo o ano passado. A confirmação foi dada, à VISÃO, por Artur Vaz, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes da Polícia Judiciária (UNCTE/PJ). O homem-forte do combate ao narcotráfico em Portugal não avançou com números concretos, apenas adiantando que “em termos de quantidades, os valores de 2022 já foram ultrapassados”.
Em 2022, as autoridades portuguesas apreenderam 16,5 toneladas de cocaína, em 2.008 ações policiais, de acordo com os dados revelados pelo relatório anual Combate ao Tráfico de Estupefacientes em Portugal, da autoria das diversas entidades que combatem este fenómeno no país.
Os números finais de 2023 só serão divulgados em janeiro do próximo ano – após a publicação do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) –, mas as quantidades anunciadas representam o valores mais elevados dos últimos 17 anos (desde 2006).
A cocaína chega a Portugal proveniente de países da América do Sul e Caraíbas. Segundo várias Organizações Não-governamentais (ONG) – como a Insight Crime –, as polícias só conseguem apreender entre 10% a 20% da cocaína que chega ao país de destino, na Europa, mas esta estimativa não é confirmada pela UNCTE/PJ. “Neste momento, é impossível dizer que quantidade de cocaína chega a Portugal. Confirmo, porém, que esta será muito menor do que noutros países europeus”, referiu Artur Vaz, apontando para países como Bélgica ou Países Baixos.
O destino final da droga que chega a Portugal é o mercado estrageiro. A origem, o Brasil. As ligações históricas, culturais e linguísticas têm, aliás, facilitado a fixação de redes de narcotráfico neste lado do Atlântico. O aumento de produção de cocaína – em países como Colômbia, Bolívia e Peru –, como consta em vários relatórios internacionais, explica também a chegada de cada vez mais carregamentos a Portugal
Na edição de 6 outubro de 2022, a VISÃO anunciava que uma investigação do Ministério Público (MP) de São Paulo, liderada pelo procurador Lincoln Gakiya, tinha concluído que, pelo menos, 42 membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) – que se dedica ao tráfico internacional de estupefacientes – tinham residência fixa no País no final de 2021. No dia 20 de janeiro deste ano, a PJ admitiu, pela primeira vez, a presença em Portugal daquela que é considerada a maior e mais perigosa organização criminosa da América Latina.