O ex-ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, confirmou, esta quarta-feira, no Parlamento, ter nomeado o então diretor geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho, suspeito de irregularidades na adjudicação de obras do Hospital Militar de Belém (HMB), para uma empresa pública sem dar conhecimento ao então secretário de Estado, Jorge Seguro Sanches. “Por acaso, não falamos disso”, declarou João Cravinho, após ter sido insistentemente questionado por André Ventura, deputado do Chega.
Enquanto secretário de Estado da Defesa, Jorge Seguro Sanches procurou obter junto de Alberto Coelho várias informações sobre os custos do HMB, tendo proposto ao então ministro a realização de uma auditoria, face aos indícios de derrapagem das obras. Gomes Cravinho, esta quarta-feira no Parlamento, tentou por várias vezes fugir à questão da nomeação de Alberto Coelho para a ETI, uma empresa pública do grupo IdD, dizendo apenas que a nomeação foi encontrada num “quadro de diálogo” com Marco Capitão Ferreira, ex-presidente do conselho de administração do grupo IdD, atualmente secretário de Estado da Defesa que, sobre esta matéria, manteve-se em silêncio no Parlamento.
Numa audição na Comissão de Defesa Nacional, pedida pelo PSD, o ex-ministro da Defesa fez questão de dizer que o governo nunca autorizou qualquer aumento da despesa inicialmente prevista, 750 mil euros. João Gomes Cravinho declarou que, quando enviou um email com a indicação que a obra era para “avançar a todo o gás”, tal não dispensava “o cumprimento de todas as obrigações legais” e não podiam “significar que essas obrigações deixavam de existir”.
João Gomes Cravinho, depois de ouvir o deputado Jorge Oliveira (PSD) a referir que a obra do hospital militar de Belém ter sido uma “auto-estrada sem fiscalização e sem limite de velocidade”, garantiu nunca ter dado autorização para o aumento de despesa, nem quando recebeu um ofício com um “ponto de situação”, no qual se abordava um crescimento da despesa. “Invocar uma possibilidade de despesa não implica autorização”, referiu o antigo titular da pasta da defesa, atualmente ministro dos Negócios Estrangeiros.
Quanto à nomeação de Alberto Coelho – suspeito de corrupção e branqueamento de capitais na Operação Tempestade Perfeita – o ex-ministro afirmou não dispor à época de qualquer informação que colocasse em causa a idoneidade do ex-diretor geral. “Sabendo o que sei hoje, não o teria nomeado para outras funções”, desabafou. O mesmo fez Marco Capitão Ferreira: “Hoje, teria outra avaliação”.