Stoltenberg, que falava na sessão inaugural da reunião do Comité Militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas, pediu também aos aliados para aprovarem as decisões estratégicas que serão apresentadas na próxima cimeira da Aliança Atlântica, marcada para julho em Vilnius, na Lituânia.
“Estamos a avançar na direção certa, mas não tão depressa como exige o caminho perigoso que estamos a percorrer. Tudo isto requer coragem política e o empenho contínuo dos nossos colegas militares”, afirmou Stoltenberg.
O Comité Militar da NATO, o órgão máximo militar da Aliança Atlântica, reúne-se hoje em Bruxelas para debater as prioridades estratégicas e desafios da organização, bem como a guerra em curso na Ucrânia desencadeada pela Rússia.
No encontro, os 32 Chefes de Estado-Maior (incluindo o homólogo convidado da Suécia) vão debater “questões de importância estratégica”, “a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, a situação no terreno e o apoio contínuo da NATO e dos Aliados à Ucrânia” e o “reforço da dissuasão e da postura de defesa da Aliança”, segundo informação oficial da organização.
Dirigindo-se aos líderes militares dos Estados-membros da organização, Stoltenberg pediu-lhes que apoiem as propostas que estão a ser preparadas pelo Comandante Supremo da Aliança na Europa (SACEUR), o general norte-americano Christopher Cavoli, para “lançar as bases para uma cimeira bem-sucedida em julho”.
Entre as medidas que estão a ser preparadas por Cavoli, principal responsável pelo planeamento e execução de todas as operações militares da Aliança, contam-se as que se centram no reforço e atualização dos planos regionais.
“[A atualização vai] pormenorizar a forma como iremos dissuadir [as ameaças] e defender os aliados da NATO contra a agressão”, explicou.
Stoltenberg referiu que os planos definem “requisitos muito mais precisos sobre o que é necessário para ajudar a transformar as forças armadas” aliadas, para que “saibam exatamente que forças e capacidades são necessárias, incluindo onde, o quê e como destacá-las”.
“Treinaremos e exercitaremos o nosso novo modelo de forças e reforçaremos a nossa estrutura de comando e controlo, a espinha dorsal da nossa aliança”, acrescentou Stoltenberg, que espera que os líderes da NATO aprovem estes planos na futura cimeira, o que também exigirá “recursos adequados”.
Para tal, os chefes de Estado e de Governo da NATO deverão acordar “um novo compromisso de investimento na defesa”, segundo o qual a despesa de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) “deixará de ser o teto” a atingir para passar a ser “um mínimo” para o investimento militar, afirmou ainda o representante.
“Temos de investir na nossa defesa”, sublinhou, esperando que os líderes aliados apoiem o novo plano de ação de produção da NATO para “garantir que a Aliança continua a ter as capacidades de que necessita”.
“Precisamos desse investimento e dessa capacidade de produção agora e a longo prazo”, concluiu.
Por seu lado, o presidente do Comité Militar da NATO, o almirante neerlandês Ron Bauer, sublinhou que os conselhos “sem restrições” que dão a nível político à Aliança Atlântica “ajudam a garantir que o que é politicamente desejável é, de facto, militarmente viável”.
Bauer recordou que a guerra da Rússia contra a Ucrânia está agora no 15.º mês, quando todos pensavam que durasse três dias.
“Golias está a vacilar. E isso deve-se ao facto de David ter demonstrado uma enorme capacidade de resistência e brilhantismo tático, apoiado por 50 nações de todo o mundo”, afirmou o almirante.
A este propósito, Stoltenberg recordou que, após a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, a NATO ativou todos os seus planos de defesa, colocou 40.000 soldados sob o seu comando, com apoio aéreo e marítimo, e reforçou as suas defesas avançadas.
“Estas ações reduzem o risco de erros de cálculo e de escalada, deixando bem claro que defenderemos cada centímetro do território da NATO”, vincou.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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