Os quatro suspeitos presentes a um juiz encarregado do inquérito sobre os atentados que fizeram 15 mortos na semana passada na Catalunha foram hoje formalmente acusados de homicídios de natureza terrorista.
Os quatro homens vão ser julgados por “pertença a uma organização terrorista, homicídios terroristas e posse de explosivos”, precisou a mesma fonte, citada pela agência noticiosa France Press.
O juiz vai decidir ainda hoje qual a medida de coação a aplicar aos quatro suspeitos, depois de o ministério público ter pedido que todos sejam colocados em prisão preventiva.
Os quatro detidos relacionados com a célula terrorista dos atentados na Catalunha terminaram as declarações, que começaram hoje pela manhã, perante o juiz da Audiência Nacional Fernando Andreu e o Ministério Público pediu prisão sem fiança para todos.
Segundo fontes judiciais, os detidos acabaram de prestar declarações antes das 18:00, depois de terem sido conduzidos à Audiência Nacional, em Madrid, desde Barcelona terem sido interrogados durante todo o dia.
Os alegados membros da célula terrorista que perpetrou os atentados que acabaram com a vida de 15 pessoas compareceram sob reserva de sigilo perante o juiz e quatro procuradores da Audiência: a encarregada do caso do caso, Ana Noé, a coordenadora de jihadismo, Dolores Delgado, o procurador chefe, Jesús Alonso, e o tenente Miguel Ángel Caballo.
Um dos quatro detidos por implicação nos atentados de Barcelona e Cambrils confirmou, perante o juiz da Audiência Nacional, que a célula terrorista a que pertencia estava a preparar um atentado de grande dimensão, tendo como alvo a Sagrada Família, o grande templo católico de Barcelona, desenhado pelo arquiteto Antoni Gaudi.
Segundo fontes judiciais citadas pela agência EFE, Mohammed Houli Chemlal, o terrorista que ficou ferido na explosão de uma moradia em Alcanar (Tarragona), ratificou o que tinha já dito aos Mossos D´Esquadra [policia catalã], a quem deu informações chave para a investigação que permitiu desmantelar a célula terrorista ligada aos atentados.
Chemlal, de 21 anos e natural de Melilla, um dos enclaves espanhpois em território marroquino, depôs durante uma hora e um quarto, é o primeiro dos quatro terroristas detidos pelos ataques que comparecem hoje perante o juiz da Audiência Nacional [um tribunal superior espanhol que julga delitos de maior gravidade, como os casos de terrorismo e crime organizado, entre outros] Fernando Andreu.

Sagrada Família, icónico templo de Barcelona, desenhado por Gaudi, era alvo dos terroristas
David Ramos / GettyImages
O segundo detido a ser ouvido, ao inicio da tarde de hoje, é Driss Oukabir, originário de Marsella (França) em cujo nome foi alugada a viatura usada no ataque na Rambla, em Barcelona, e cujo irmão Moussa, morreu juntamente com outros quatro terroristas, abatidos pela policia, em Cambrils.
Os outros dois detidos que compareceram hoje perante o juiz são Mohamed Aallaa – detido em Ripoll e irmão de Sadi Aallaa, outro dos terroristas mortos -, e Salah El Karib, que a polícia relaciona com Driss Oukabir.
Os quatro são membros da célula que realizou os ataques, e que incluía pelo menos doze terroristas, dos quais cinco foram abatidos em Cambrils, dois morreram na explosão na quarta-feira na casa de Alcanar, e o último, Younes Abouyaaqoub, foi morto segunda-feira pela policia catalã.