No segundo semestre deste ano, se a previsão da Startup Lisboa se cumprir, vai ser possível subir até ao último andar da Factory Lisbon e aproveitar o miradouro-jardim, com áreas de estar e uma agenda de iniciativas. Trata-se de um dos maiores edifícios do Hub Criativo Beato que, com algum tempo de atraso, começa finalmente a tomar forma na ala sul do antigo complexo da Manutenção Militar. “Há uma legitima curiosidade sobre o projeto”, diz Miguel Fontes. O diretor executivo da Startup Lisboa, fez, nesta segunda-feira, 3, o ponto de situação do projeto anunciado em 2016 como uma das maiores incubadoras da Europa, e que devia ter entrado em funcionamento no final de 2019.
Apesar dos atrasos, o projeto entra agora numa nova fase, com o início das intervenções ao nível das infraestruturas, que inclui a rede de águas e esgotos, eletricidade, comunicações, novos acessos e arruamentos – como aquele que irá ligar a Rua da Manutenção, até agora sem saída, à Avenida Infante D. Henrique –, a ligação à ciclovia e estações de bikesharing e a reabilitação dos espaços exteriores. Também serão demolidos os silos de farinha da Fábrica do Pão, edifício que será ocupado pela Startup Lisboa. Junto à Avenida Infante D. Henrique, onde está agora o estaleiro das obras, vai nascer o único edifício construído de raiz, com cerca de sete mil metros quadrados e quatro pisos, que os responsáveis pelo projeto gostariam que viesse a ser ocupado por “uma grande tecnológica”. Está ainda prevista a construção de um parque de estacionamento, virado para a Rua do Grilo, cujo último piso terá um parque infantil e zona de estar.
No antigo edifício onde se faziam as massas e bolachas da Manutenção Militar, do lado da Avenida Infante D. Henrique, a obra já avança. É aqui que vai ficar a Factory Lisbon, um campus dedicado a startups ligadas às áreas criativas e tecnológicas, e um dos residentes já confirmados: a Mercedes-Benz.io, o primeiro centro digital da marca a nível mundial.
Esperam-se outros residentes, até porque é com este edifício que o Hub Criativo do Beato começará a ganhar vida já no final deste ano e a atrair gente para este lado da cidade. “O Hub é um projeto âncora da reabilitação do Beato, queremos que seja o mais aberto possível, de modo a integrar o ritmo da própria zona”, refere Miguel Fontes. “Não se trata de centro de escritórios, é um espaço onde também vai ser possível usufruir de atividades culturais, passear, ir jantar.”
O diretor executivo da Startup Lisboa adiantou ainda que a empresa tem trabalhado no sentido de atrair o melhor das indústrias criativas, digitais e tecnológicas, tanto mais que será esse o destino da quase totalidade dos 18 edifícios, distribuídos por 35 mil metros quadrados. A maior parte já têm interessados, “existindo memorandos de entendimento” e outros com contratos fechados e que já eram do conhecimento público. É o caso da Super Bock que, no edifício da antiga Central Elétrica, vai abrir a The Browers Company, um projeto da autoria do arquiteto Eduardo Souto Moura, com inauguração prevista para o final deste ano, e que consiste numa microcervejeira, com área de restauração e eventos. Também a Web Summit irá para o Hub Criativo do Beato, garantiu Miguel Fontes, embora a localização não esteja está definida.
Os restantes edifícios vão abrir de forma faseada. A zona da restauração, logo à entrada, e cujo concurso já tem vencedor, também está integrada na primeira fase. “A escolha não foi feita com base nos prazos nem no preço, mas no conceito inovador. Queremos criar uma nova centralidade, com esplanadas, restauração e serviços, tão confortável quanto possível, onde as pessoas se sintam bem”, afirmou José Mota Leal, gestor do projeto do Hub Criativo do Beato.
A Startup Lisboa vai ocupar o edifício onde era a Fábrica do Pão e Confeitaria (final de 2021) e terá como residentes a Delta Cafés e a TB.LX, da Daimler Trucks & Buses. Na Fábrica de Moagem, a EGEAC – Empresa Municipal de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural vai criar um núcleo museológico da Manutenção Militar, uma forma de preservar o património industrial do local. E o edifício do Relógio, antigo Convento das Grilas, dará lugar a um coliving.
O Hub Criativo do Beato será livre de trânsito automóvel. “A ideia é que seja um espaço aberto de fruição, com vários pontos de ligação entre a Rua do Grilo e a Avenida Infante Dom Henrique”, explicou Miguel Fontes. Um hub de ideias e um novo ponto de encontro na cidade, portanto, que começa agora a ganhar forma.