Salsa e Coentros, naturalmente bom

Liete Quintal

A comida portuguesa bem apaladada e o serviço simpático fazem deste restaurante uma referência da gastronomia de Lisboa. A opinião do crítico gastronómico da VISÃO Se7e, Manuel Gonçalves da Silva

Manuel Gonçalves da Silva

lq salsa coentros sopas 150.jpg — Liete Quintal

Dez anos bastaram para consolidar o prestígio deste restaurante, nascido da amizade de dois profissionais da restauração, José Duarte e Belmiro de Jesus, e do gosto de ambos pela cozinha tradicional portuguesa. Conheceram-se em 1990, na Adega da Tia Matilde, ainda jovens, seguiram percursos paralelos de trabalho e de estudo e vieram dar ao Salsa e Coentros com o propósito comum de se dedicarem à cozinha portuguesa com produtos de qualidade e culinária esmerada, num ambiente agradável. O restaurante é hoje uma referência. Belmiro saiu, no Outono passado, para abraçar um projeto pessoal, mas não deixou o lugar vazio, porque ficou Maria Aparecida, que já o substituía nas suas ausências e nasceu, também ela, com mãos para a cozinha. José Duarte continua na sala. Encontra-se tudo ao seu melhor nível.

Sobre a mesa, em jeito de couvert, há um cestinho de pão (normal e broa), manteiga, pasta de fígado de aves e as famosas empadas de galinha – massa fina e estaladiça a envolver um recheio saboroso -, a que não se resiste. Para entrada, três propostas dominantes: ovos com silarcas ou túberas, cabeça de xara e canja de tordos, com sabores bem definidos e delicados. Depois multiplicam-se as escolhas: dois ou três pratos do dia que são sempre apetecíveis como, as mãozinhas de vitela (desossadas, num molho aveludado pela gelatina e aromatizado pelos coentros), a empada de cozido (textura delicada e sabor forte), a perdiz com lombarda ou o ensopado de borrego, por exemplo; e pratos consagrados que têm presença obrigatória na ementa, como o cozido com carne de porco preto, à segunda-feira (único prato com dia fixo), a empada de perdiz, a lebre com feijão, os pezinhos de coentrada, os arrozes de perdiz e de pombo bravo, os filetes de pampo, os bacalhaus dourado e com broa, entre outras iguarias. Doçaria feita na casa também com mérito, como demonstram o pudim Abade de Priscos, o pudim de laranja, a encharcada e a sericaia. Garrafeira centrada nos vinhos de gama média com escolhas e preços criteriosos. Serviço atento e simpático.