É com pena que ponho um ponto final nesta mini maratona por alguns dos sítios de Lisboa que aderiram à Restaurant Week. A semana para se comer mais barato onde por norma se tomam refeições caras também já vai na reta final (acaba domingo, 6). Aqui fica a minha refeição no Lisboète, onde provei e fotografei pratos que se querem portugueses, mas que na verdade estão carregadinhos de sotaque francês
O pior: O pudim de banana, apenas porque não deixou memória
Não é por ter conhecido o Lisboète nesta semana em que o menu me permite lá comer por 20 euros, que não vou espreitar a lista de todos os dias. Até porque, pelo nome, quase aposto que vou encontrar coisas de que gosto muito… Bingo: há pratos de foie gras, vieiras e magret de pato. Mas para poder prová-los teria de desembolsar muito mais do que o pedido pela Restaurant Week.
Por isso, resigno-me, depois de ter lido a vasta carta de vinhos (portugueses, franceses e até os mais indicados para a sobremesa), e aceito o folhado de alheira com ovo estrelado, maçã e salada. Não sei se foi por ter os outros pratos em mente, mas caiu-me mesmo bem. Nem por isso deixei de deitar a colher à cassolette, uma espécie de caldo, saboroso, com peixe-espada, legumes e natas, bem à francesa. As duas entradas disponíveis passam com nota alta no crivo da repórter.
Avancemos na ementa, que é dia de semana e o almoço não pode demorar horrores. Antes de provar o banal salmão com o não tão usual molho de coco e arroz basmati cremoso, fico a saber que o chefe Walter Blazevic é alsaciano. Só mais tarde, quando entrar pela sua cozinha dentro, vou descobrir que está casado com a simpática Mariana Monte, que, além de dona, toma conta da sala, toda em tons de branco.
A segunda opção para prato principal, plumas de porco preto com molho de mostarda, cogumelos shitaki, batata salteada e cebola caramelizada, também não faz parte do cardápio do Lisboète, o que é uma pena. “Tento sempre apresentar pratos novos na Restaurant Week, para mostrar mais um bocadinho daquilo que faço”, há de justificar o Walter Blazevic, já sentado à mesa, numa das confortáveis cadeiras acolchoadas, depois de terminada a minha refeição.
Tomamos um café, com duas mini madalenas como brinde, enquanto me explica que quando abriu este restaurante, há um ano e meio, depois de ter estado em Óbidos, tentou pender mais para o lado português, mas os clientes pediram que exibisse os seus dotes franceses. E, por isso, o Lisboète tem crescido nessa mistura, que acaba invariavelmente num conjunto de receitas de base mediterrânica.
Antes de conversar com o chefe de cozinha, ainda provei as duas sobremesas do menu: o pudim de banana com caramelo de especiarias e a pêra rocha gratinada com crumble de chocolate. Estavam boas, mas já confessei aqui que não são os doces que me movem. E estes não tiveram a garra de me fazer mudar de ideias. E até poderia ter abusado, porque amanhã… já não há mais.
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