Um novo estudo, realizado por investigadores do Centro Médico da Universidade Erasmus, em Roterdão, nos Países Baixos, concluiu que existem certos padrões no nosso ADN que podem determinar se vamos ou não desenvolver insónia.
A equipa de investigação recolheu e analisou amostras de ADN de quase 2500 europeus, nascidos entre abril de 2002 e janeiro de 2006, utilizando sangue do cordão umbilical e de crianças com cerca de seis anos, e acompanhando-as até aos seus 15 anos.
Ao mesmo tempo, os investigadores realizaram entrevistas às mães destas crianças, que explicaram como eram os padrões de sono dos seus filhos quando estes tinham um ano e meio, três, seis, 10 e 15 anos.
Além disso, quase mil adolescentes utilizaram dispositivos rastreadores de sono durante cerca de duas semanas e, neste ponto, a equipa criou classificações de ADN de risco para cada adolescente.
Os resultados do estudo, publicado no Journal of Child Psychology and Psychiatry, mostraram que os jovens com genes conhecidos por influenciar o sono tinham maior probabilidade de acordar durante a noite e de terem pior qualidade de sono relativamente àqueles sem esses padrões no ADN.
O que este estudo traz de novo
Estudos anteriores já tinham tinham demonstrado que existe uma predisposição genética para seguir certos padrões de sono em vez de outros.
Por exemplo, os professores de neurologia Chris Jones e Ying-Hui Fu encontraram mutações no ADRB1 e no NPSR1, que alteram neurotransmissores no cérebro humano, que podem fazer com que as pessoas durmam pouco. Ao mesmo tempo, descobriram uma mutação num gene – o DEC2, que regula a duração do sono nos mamíferos – que será a responsável pela necessidade de dormir pouco.
Também em 2019, uma equipa de investigadores descobriu que há pelo menos 351 genes que predispõem uma pessoa a acordar com facilidade de manhã e a ser mais produtiva nesse período -as chamadas cotovias -, ou, pelo contrário, a deitar-se e levantar-se tarde, trabalhando melhor no período da noite (denominadas corujas).
Na mais recente investigação, a equipa descobriu que há um gene de “dormir mal” que está ativo durante toda a vida e que aumenta a probabilidade de se desenvolver insónia.
“Fornecemos evidências indiretas da persistência do fenótipo do gene de ‘dormir mal’ ao longo da vida”, explica a equipa, acrescentando que este estudo é uma oportunidade para “realizar mais investigações” sobre o tema, que permitam identificar padrões de sono deficientes no início da vida e prevenir problemas mais graves no futuro.