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1 – Não fossem tão sombrios os tempos que correm e a catadupa de medidas e declarações contraditórias dos últimos dias não despertariam mais do que uma sonora gargalhada. Infelizmente, estamos cada vez mais no reino da tragédia ou, no mínimo, no domínio da comédia burlesca. Por exemplo, temos um Governo de algumas dezenas de elementos, muitos deles juristas, que acolheu, sem se rebelar nem corar de vergonha, a sugestão de um dos seus membros para que a Constituição seja utilizada à la carte. Ou seja, as suas normas devem ler-se à medida das interpretações mais convenientes em cada momento. Como o momento é de autêntico saque de tudo o que é rendimento do trabalho e é preciso cobrar o máximo de IRS para tapar os buracos que a péssima gestão governamental dos dinheiros públicos ajudou a cavar, o ministro das Finanças resolveu decretar que a Lei Fundamental não é para cumprir, ao afirmar que o princípio da não retroactividade das leis ali consagrado “não é um princípio absoluto”. É caso para dizer que se a desfaçatez pagasse imposto, Teixeira dos Santos deveria ser obrigado a pagar a taxa máxima.
O ministro das Finanças tem a seu crédito o controlo do défice no primeiro Governo Sócrates, mas esse feito tem vindo a ser apagado pelo mau trabalho dos últimos dois anos. Para quem já esqueceu, é preciso relembrar que a crise do subprime se estendeu à economia mundial no final do Verão de 2008, razão pela qual muitas empresas encetaram, de imediato, planos de contingência para evitar males maiores. E o que fez o Governo? Rendido aos objectivos eleitoralistas – era preciso vencer as legislativas de 2009 -, Teixeira dos Santos não só permitiu, mas ajudou a difundir um discurso ilusório sobre a situação, além de ter subscrito medidas absolutamente contrárias aos sinais da tempestade que aí vinha, como o aumento irrealista dos funcionários públicos. Depois, foi negar a evidência da derrapagem das contas públicas até ao limite; tomar medidas tarde e a más horas; apresentar um Orçamento em que ninguém acreditou; fazer rapidamente um PEC logo ultrapassado por medidas adicionais impostas por Bruxelas; aceitar ver-se desautorizado quanto ao “pacote” das obras públicas… enfim, Teixeira dos Santos já foi um bom ministro das Finanças.
2 – Outra linha definidora desta nossa “tragi-comédia” é o que se está a passar no ensino. Como se não bastasse essa outra dimensão do problema, que é o facto de estarmos a desaparecer enquanto povo devido à baixíssima taxa de natalidade, quem nos governa só ajuda a que cada vez mais casais desistam da ideia de ter filhos. Sem urgências nem maternidades e com cada vez menos serviços públicos de proximidade, fora dos centros mais populosos do litoral, as populações vão definhando. Agora, foi anunciado o encerramento de mais de 900 escolas com menos de vinte alunos, quase todas do interior. Eis uma medida que claramente brotou da mente de um daqueles génios incompreendidos que vagueiam pelas alcatifas do poder. Em vez de remeter os génios à procedência e assim contribuir para a poupança, o Governo acolhe estas visões mesquinhas de curto prazo sem pensar no amanhã. E o amanhã é um deserto, porque as pessoas não se resignam ao abandono e ao esquecimento. Agora, já se percebe para que estão a ser construídas tantas auto-estradas: é para todos se virem embora mais depressa.