Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveram uma técnica que, segundo a equipa, permite produzir circuitos elásticos, “o que permite imprimir adesivos eletrónicos para monitorizar a saúde de doentes, criar pele artificial ou desenvolver dispositivos vestíveis que registam a performance de atletas, em larga escala e a baixo custo”. Os resultados da investigação foram publicados na revista científica Nature Communications.
A técnica, desenvolvida no âmbito do projeto de investigação WoW, do Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal), uma colaboração internacional entre a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) com a Carnegie Mellon University nos Estados Unidos, apresenta-se como uma alternativa para a integração de microchips, num estado sólido, para materiais mais flexíveis e circuitos à base de polímeros elásticos.
“Esta solução de autossoldagem que encontrámos é um passo gigante para produzirmos estes circuitos a baixo custo e avançarmos para a sua comercialização. Graças a esta descoberta poderemos incorporar de forma eficiente microchips em circuitos flexíveis e utilizá-los na produção de vários tipos de circuitos elásticos ultrafinos ou têxteis eletrónicos”, explica Mahmoud Tavakoli, coordenador da equipa de investigação, em comunicado. O investigador do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra acrescenta ainda que esta trata-se de “uma nova alternativa à soldagem tradicional de microchips e pode criar uma revolução na montagem de circuitos impressos”.
“Graças a esta descoberta, muitas utilizações sugeridas por diferentes grupos de investigação que usam circuitos flexíveis podem dar o salto para fora do laboratório e começar a apostar na sua comercialização”, frisa Mahmoud Tavakoli. São enumerados como exemplos “a aplicação em sensores de biomonitorização e adesivos com diferentes aplicações médicas, capazes de registar dados de saúde de doentes como atividade muscular, respiração, temperatura corporal, batimentos cardíacos, atividade cerebral, ou até emoções”.
O investigador menciona ainda a indústria têxtil como um dos setores beneficiários desta solução “ao integrá-la na próxima geração de roupas inteligentes, quer seja para monitorizar o desempenho de atletas, mapear os movimentos de uma atriz, ou até revolucionar a próxima geração de moda moderna, em que o tecido poderá ser usado como uma ferramenta de comunicação”.
Segundo o comunicado da Universidade de Coimbra, a tecnologia já está patenteada e a equipa de investigadores está agora à procura de parceiros empresariais que possam apoiar a comercialização desta investigação em diversas áreas.