Criado em 1995 pelo designer japonês Hiroyuki Kawase, o CR-V (cuja sigla quer dizer Confortable Runabout Vehicle) foi o primeiro SUV desenhado pela Honda, um veículo algo revolucionário para as exigências e gostos do mercado japonês.
Mas, além do seu conceito arrojado, o CR-V acabou também por sofrer no mercado interno devido às suas “maiores dimensões”. Estas excediam as previstas pela lei japonesa para os veículos compactos, obrigando os seus condutores a pagar um imposto de circulação mais elevado do que o de outro carro ligeiro.
Com estas limitações no Japão, os gestores da Honda decidem acelerar o processo de expansão além-fronteiras e, em fevereiro de 1997, é vendido o primeiro CR-V nos EUA. Uma decisão que acabaria por mudar a vida deste modelo e da própria Honda.
Logo no primeiro ano, o CR-V vendeu mais de 60 mil unidades nos EUA e, nos anos seguintes, este valor depressa quintuplicava, para mais de 300 mil. O êxito nos EUA depressa se alastrou aos países vizinhos, como o Canadá e o México, e, hoje, três em cada quatro CR-V produzidos têm como destino o mercado norte-americano.
O sucesso conquistado depressa o levou ao pódio dos SUV mais vendidos em todo o mundo, a par do Nissan X-Trail/Rogue (nos EUA o X-Trail chama-se Rogue) e do Toyota RAV4, garantindo a sua longevidade de quase trinta anos e seis gerações, a última das quais lançada no final do ano passado.
Devido às mudanças que o mercado automóvel europeu tem vindo a sofrer, o construtor japonês decidiu colocar apenas versões eletrificadas, apostando no sistema híbrido e:HEV, e no híbrido plug-in, com o e:PHEV, a sua primeira experiência nesta tecnologia que permite carregar a bateria através da ligação a uma tomada de corrente.
Ambos assentam na mesma plataforma e dispõem do motor 2.0 de quatro cilindros, mas o e:PHEV está dotado de uma bateria com uma capacidade de 17,7 kWh, que se pode carregar numa tomada doméstica em, sensivelmente, 7 horas e meia. Caso opte por um posto de carregamento, tenha em conta que a carga máxima que este CR-V permite é de 6,8 kWh, o que não permite carregar a bateria dos 0% aos 100% em menos de duas horas e meia. Apesar de ter sido, a par da Toyota, uma das primeiras marcas a apostar nos híbridos, a Honda ainda não tem plug-ins que possam carregar em corrente contínua, o que reduziria substancialmente o tempo de carregamento.
Segundo a marca, a bateria permite percorrer, em modo exclusivamente elétrico, um total de 82 km. Quando a bateria acaba, o veículo passa a funcionar como um híbrido normal.
Outra das funcionalidades deste e:PHEV é a possibilidade de ser o condutor a escolher quando quer usar a carga da bateria. Através do recurso ao modo “save”, podemos guardar a energia acumulada para quando a sua utilização é mais eficaz, como, por exemplo, na condução em cidade.
Contas feitas, usando os dois sistemas, a Honda garante que o consumo deste modelo é de 0,8 litros por cada 100 km percorridos. No teste efetuado, não conseguimos ficar abaixo dos 3 litros, nem ultrapassámos os 70 km de autonomia em modo exclusivamente elétrico. Mas, mesmo assim, são números bastante aceitáveis, atendendo ao peso e desempenho do veículo.
Uma das maiores transformações no CR-V foi o aumento considerável do espaço que agora oferece. Por exemplo, os bancos traseiros, assentes em duas calhas, podem ser regulados de forma longitudinal em 19 centímetros, o que permite albergar três adultos de estatura elevada. Por outro lado, a bagageira ganha quase cem litros de volumetria face à versão anterior, atingindo uma capacidade total de quase 600 litros. O e:PHEV oferece ainda, no porta-bagagens, um espaço adicional de 72 litros, onde se podem colocar os cabos de carregamento ou outros pequenos objetos.
O novo Honda CR-V é um dos SUV que apresenta mais espaço interior, dentro do seu segmento de mercado
Em termos de condução, o Honda CR-V e:PHEV é um veículo muito equilibrado, privilegiando o conforto face ao dinamismo e, neste capítulo, a versão plug-in sai beneficiada, pois a energia elétrica está disponível de forma imediata, ajudando nas recuperações, e o peso das baterias dá maior estabilidade em curva. Quanto a preços, o Honda CR-V e:PHEV custa, na versão mais em conta, 62 500 euros, mais 6,5 mil euros do que o e:HEV. Uma diferença que poderá obrigar a fazer contas numa equação que abrange os quilómetros que realmente percorre por ano, o tipo de percurso que mais faz, o modo como conduz e qual o valor da sua consciência ambiental. Só desta forma poderá concluir se vale a pena ou não fazer esse “investimento”.
> Condução
O painel de instrumentos digital, com 10,2 polegadas, tem boa visibilidade e fácil leitura. Nas gamas mais elevadas, o Honda CR-V e:PHEV oferece ainda o sistema head-up display, que projeta a informação no para-brisas.
> Informação
O painel de infoentretenimento, colocado numa posição elevada no centro do veículo, é um dos pontos mais negativos deste modelo. Apresenta-se algo datado e as funções disponibilizadas ficam muito aquém do que já é oferecido pelos seus principais concorrentes
> Seleção
Os modos de condução permitem selecionar várias funções que possibilitam a gestão da eletricidade. Podemos circular apenas em modo elétrico, guardar a carga para mais tarde ou, ainda, aproveitar a energia do motor térmico para carregar a bateria
Texto publicado originalmente na EXAME 482