Será que em 2024 voltaremos a ter uma economia “normal”? Desde a pandemia que parecemos estar a viver uma montanha-russa feita de famílias trancadas em casa, euforia de consumo, comércio mundial desfeito, guerra e inflação elevada, seguida de subidas agressivas nos juros e um alívio rápido dos preços. 2024 traz com ele a expectativa de representar o fim destas acelerações bruscas, descidas a pique e loops. Poderá ir-se esfumando alguma da “anormalidade” que marcou os últimos tempos, no poder de compra, na inflação, nos juros e, a partir da segunda metade do ano, na estabilização de uma economia que tem vivido aos altos e baixos. Mas isso não significa que ficará tudo na mesma. Lá fora, haverá uma série de eleições decisivas e, em Portugal, esta viragem de ciclo económico pode ser acompanhada por uma mudança de rumo político.
Quatro anos. É possível que seja esse o tempo necessário para que a poeira da Covid-19 assente. Talvez nem seja muito se nos lembrarmos de que foi a mais violenta pandemia em 100 anos, com quase sete milhões de mortos, uma grande parte do mundo fechada em casa, atividade económica interrompida quase de um dia para o outro e, meses depois, retomada de forma igualmente repentina. Como ligar e desligar um interruptor. Mas, tal como um quadro elétrico sujeito a demasiada potência, a economia arriscou ir abaixo, confrontada com o caos nas cadeias de abastecimento e movimentos agressivos de preços, intensificados pela invasão da Ucrânia. Uma fatia importante do que viveríamos desde essa altura – inflação alta, agravamento dos juros – teve origem nesse caldo confuso que saiu da pandemia.