O presidente do IAPMEI, Luís Pratas Guerreiro, destacou as áreas da capitalização, descarbonização e transição digital durante uma apresentação dos programas financiados pelos fundos europeus que estão já no terreno, nomeadamente ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Referindo-se às chamadas agendas mobilizadoras para a inovação empresarial, aquele responsável frisou a sua importância para o reforço da internacionalização e da capacidade exportadora da economia portuguesa. “As nossas empresas estão no início ou no meio da cadeia de valor, e não na ponta final, que é onde deveriam estar. As agendas querem mudar isso, apostando na dinamização da economia e na diminuição da pegada carbónica, através da substituição de energias fósseis por outras menos poluentes”, explicou, no debate desta edição das Manhãs em Exame, sobre o tema do financiamento às empresas, em parceria com o Bankinter Portugal.
No painel, Olga Miranda, gestora de projeto do grupo Visabeira, apresentou os projetos do grupo em curso no âmbito do PRR, assentes essencialmente nas transições energética e digital para as indústrias cerâmica e das comunicações. Já Vasco Granadeiro, diretor para o Negócio do Hidrogénio da Bondalti, explicou os projetos de produção de hidrogénio e refinação do lítio através de eletrólise obtida a partir de energias renováveis. Ambos os responsáveis falaram ainda sobre a experiência das respetivas empresas no âmbito dos consórcios formados para as candidaturas aos fundos europeus, com outras empresas, centros de conhecimento científico e universidades e politécnicos.
Considerando desejável essa aproximação entre empresas e universidades para facilitar a inovação, o presidente do IAPMEI referiu que as candidaturas às 53 agendas mobilizadoras do PRR reúnem mais de um milhar de entidades, que se apresentam sozinhas ou em consórcios que podem incluir até 120 empresas. Entre os candidatos, cerca de 941 são empresas, um terço das quais de grande dimensão, e 119 são entidades ligadas a centros tecnológicos e estabelecimentos de ensino superior. “As empresas que mais inovam estão ligadas às universidades e a centros de ciência, sem exceção”, disse, aconselhando ainda as empresas a contratarem mais doutorados para colocarem o conhecimento ao seu serviço.
O encontro serviu também para discutir o tema das dificuldades e do atraso nas aprovações dos projetos e no acesso aos fundos. Luís Guerreiro salientou o bom track record do IAPMEI neste campo, por comparação, mas admitiu que há sempre melhorias a fazer. E deu exemplos de coisas que acrescentam sempre morosidade aos processos: desde a elevada complexidade técnica aos elevado número de parceiros, passando por coisas tão simples como a mudança de nome de uma das organizações candidatas, a meio do processo.
José Luís Vega, diretor de Banca de Empresas e membro da comissão executiva do Bankinter Portugal, destacou o compromisso do banco de capital espanhol com as empresas candidatas aos fundos europeus em Portugal, estimando que 15% desse universo de empresas seja já cliente do Bankinter. E defendeu que, apesar dos desafios económicos, o banco não mudou as suas prioridades nem apertou o filtro de risco, tendo como objetivo aproximar-se progressivamente da casa-mãe de Espanha, com um peso muito grande no negócio do crédito e serviços às empresas.
Se o grosso das candidaturas do PRR, nomeadamente na parte de investimento, estão fechadas, faltando a execução, estão já no terreno dois processos recentes relativos ao PT2030, que abriram já em Maio.