“Víamos muita escolha de fast-food, mas escolhas muito limitadas nos nossos restaurantes favoritos”, começa por recordar Rui Bento, fundador da plataforma e responsável pelo lançamento e expansão da Uber e da Uber Eats em Portugal. A ronda de financiamento garantida pela KITCH foi liderada pela Atlantic Food Labs, com a participação da Market One Capital, assim como dos investidores iniciais, Seedcamp e Mustard Seed MAZE. A start-up, que começou a ser pensada ainda em 2019, viu a sua atividade acelerar com a pandemia e o Grande Confinamento, numa altura em que os restaurantes se debatiam para sobreviver através do home delivery ou do take-away.
Em termos genéricos, a KITCH providencia aos restaurantes independentes uma plataforma tecnológica única através da qual podem receber todos os pedidos, seguir os estafetas que fazem home delivery e atualizar menus, sem que tenham que entrar individualmente em cada uma das aplicações a que estão associados.
“Apercebemo-nos das batalhas constantes dos restaurantes independentes contra as grandes cadeias. São os restaurantes que dão vida aos nossos bairros e cidade, que ajudaram a definir a cultura e as rotinas”, continua Bento num encontro online com jornalistas, esta segunda-feira, 10 de maio. O CEO da KITCH recorda que desta forma, os restaurantes controlam o raio em que querem fazer entregas, e têm uma relação de muita proximidade com o cliente, uma vez que a start-up cuida de toda a parte logística, para que empresa e consumidor possam dedicar-se ao que lhes é mais querido: o contacto direto. “Ao longo destas batalhas [dos confinamentos], houve uma coisa da qual os restaurantes nunca abdicaram, que foi da sua independência, e quisemos manter isso na forma digital”.
A KITCH cobra a cada restaurante um valor mensal fixo de €49 euros para fazer a manutenção da loja virtual – que é integrada no site e redes sociais de cada estabelecimento – e uma taxa de 5,9% por cada processamento. As entregas custam aos restaurantes €3 e esse custo geralmente já está refletido no preço final apresentado ao consumidor. “Não cobramos qualquer outro valor para além deste e os preços não aumentam consoante o volume de encomendas”, garante ainda o gestor. Por isso mesmo, acredita, a KITCH torna-se mais atrativa para os estabelecimentos do que plataformas como a Uber Eats ou a Glovo, que não só condicionam as zonas de entrega dos estabelecimentos como cobram taxas mais elevadas de serviço.
No entanto, esclarece, se um restaurante pretender continuar a operar com estas empresas através da plataforma KITCH, isso também é possível. O objetivo, garante Rui Bento, é que o restaurante tenha o processo muito simplificado, de forma a que consiga chegar aos seus clientes da forma mais eficaz e rápida possível.
Com estes €3,2 milhões a KITCH pretende continuar a entregar um serviço cada vez melhor aos restaurantes e conseguir trabalhar com mais estabelecimentos independentemente da sua localização geográfica. O mercado espanhol deverá ser uma das próximas apostas, bem como o reforço da equipa das atuais 30 pessoas para 60 trabalhadores. Apesar de o foco estar na consolidação da presença nas cidades de Lisboa e do Porto, onde opera atualmente, a start-up não descarta estender-se ao resto do País, assim os restaurantes a procurem.
Em Lisboa, a organização conta com mais de 100 clientes, entre eles o o Boa-Bao, o Mez Cais, o Reco-Reco ou o Goju, que anteriormente praticamente não tinham presença online.