O império africano é hoje mais conhecido e lembrado pelo seu fim dramático do que pela sua lenta formação. Se 1975 marcou as independências africanas ao cabo de uma guerra de 13 anos de duração, muitas outras datas de um passado não tão remoto como vulgarmente se julga têm tendência a cair no esquecimento. No período final do Estado Novo era recorrentemente invocada, como argumento legitimador para a continuação da guerra, uma alegada presença de 500 anos em África. Se é verdade que, historicamente, os portugueses foram os europeus pioneiros nos contactos com os povos e as culturas subsarianas, não é menos certo que só a partir de finais do século XIX e inícios do século XX (há uns escassos cem anos, portanto), os territórios de Angola, Moçambique e Guiné foram militarmente ocupados na sua integralidade, abrindo o caminho a uma posterior colonização que apenas fluiria quando o século passado ia já adiantado, e que não é abordada nesta edição, visto termos decido limitarmo-nos ao período da construção desta realidade.
É essa atribulada fase de construção do império africano de Portugal, com que uma corrente política afinal preponderante pretendeu responder à perda do Brasil, que se evoca no número 31 da VISÃO História.
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SUMÁRIO
Imagens: Angola e Moçambique
Mapa: África revelada
Kongo, o reino esquecido
Durante séculos floresceu aqui um estado africano cristão espontaneamente redesenhado segundo o modelo português. Por Luís Almeida Martins
As primeiras grandes batalhas
Rainha Ginga foi a grande protagonista das lutas do séc. XVII em Angola. Por José Eduardo Agualusa
À procura das minas de Salomão
Uma cidade de pedra no interior de África acendou imaginações. Por Luís Almeida Martins
«Moçambique era lugar de passagem»
Entrevista com Aurélio Rocha, professor e investigador moçambicano. Por Henrique Botequilha
As ilhas crioulas
Um caldo de culturas está na origem de Cabo Verde. Por Ricardo Silva
Guiné, a insubmissa
Foi aqui que se travaram alguns dos mais sangrentos combates. Por Ricardo Silva
O arquipélago da linha do equador
As ilhas de S. Tomé e Príncipe foram o maior produtor mundial de açúcar e de cacau. Por Arlindo Manuel Caldeira
Da escravatura ao trabalho ‘rdentor’
Em vez de efetivamente abolida, a escravatura foi sendo ilegalizada e, revestindo novas formas, transformada demeio de troca em «simples» meio de produção. Por José Pedro Monteiro e Miguel Bandeira Jerónimo
Construir um novo império
Após o trauma da independência brasileira, a política colonial portuguesa centrou-se em África. Por Valentim Alexandre
As fronteiras coloniais e o o Ultimato inglês
A Conferência de Berlim de 1884-85 determinou a partilha e o início da ocupação efetiva do continente africano. Inaugurou um novo período da história colonial e promoveu a mais grave crise diplomática entre Lisboa e o «velho aliado» britânico. Por Pedro Caldeira Rodrigues
Os caminhos de Muene Puto
As «expedições científicas» dos anos 1870 e 1880 inauguraram uma nova época no relacionamento dos portugueses com os impérios centro-africanos, que conheciam desde há muito e bem melhor do que qualquer outro povo europeu. Por Frederico Delgado Rosa
O tempo dos centuriões
Moçambique foi, nas últimas década do século XIX e primeiras do século XX, palco das mais famosas campanhas militares de ocupação colonial portuguesa em África. Por Luís Almeida Martins
Gungunhana, o ‘Leão’ enjaulado
Quem era o imperador vátua derrubado em 1886. Por Luís Almeida Martins
Marracuene, a vitória impossível
Foi a única vez que um quadrado desfeito foi reconstituído em plena batalha. Por Ricardo Silva
A pérola da coroa
As batalhas do fim do séc. XIX e do princípio do séc. XX coroaram combatentes de ambos os lados com a aura de heróis. Por Ricardo Silva
Um príncipe em África
A primeira viagem oficial às colónias por um membro da família real. Por Miguel Ribeiro Pedras
A Grande Guerra passou por aqui
Angola e Moçambique receberam expedições militares que se caracterizaram pela escassez de meios. Por Aniceto Afonso
Um político republicano no império
Governador de Angola no tempo da I República, Norton de Matos sonhou com o fomento massivo da colónia assente numa política de empréstimos, mas esbarrou em incompreensões e rivalidades. Por Helena Pinto Janeiro
Um folhetim imenso
O papel da imprensa na construção do império. Por Leonor Pires Martins
Na volta do correio
Postais ilustrados de África