Já lhe aconteceu olhar para o rótulo de um alimento e questionar-se sobre o prazo de validade? Entre o “consumir até” e o “consumir de preferência antes de”, provavelmente fica na dúvida, perante o receio de ingerir um alimento contaminado e ficar doente, ele acaba no lixo (não deixe de fazer o quiz no final deste artigo para testar os seus conhecimentos!). Talvez não fosse preciso e pudesse ser ingerido com toda a segurança. E com todo o gosto. Além de contribuir para reduzir o desperdício alimentar.
Mas, como saber? A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) tem a resposta a esta e a muitas outras dúvidas. Aliás, está comprometida em que os cidadãos europeus tenham informação simples e acessível para tomarem nas suas mãos as decisões sobre a higiene alimentar.
Porque não basta escolher os alimentos de que mais se gosta – é preciso consumi-los em segurança. E é assim que surge a terceira edição da campanha #EUChooseSafeFood, este ano alargada a 16 países. Portugal disse ‘sim’ a esta chamada, através da ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica.
O convite, que é ao mesmo tempo um desafio, é para que os cidadãos pensem de forma crítica sobre as escolhas que fazem, no quotidiano, quando os alimentos estão em cima da mesa. Nestas escolhas, há que equacionar o desperdício alimentar, a higiene e segurança dos alimentos, as doenças de origem alimentar. Da preparação ao armazenamento, dos rótulos aos aditivos, há muito para saber.
Mas, o saber tem muito que se lhe diga. E, por isso mesmo, esta campanha estabelece a ponte entre a ciência e os alimentos que acabam nos nossos pratos. Porque só a ciência permite tomar decisões informadas e fazer escolhas acertadas. Afinal, em toda a União Europeia, são muitos os cientistas que trabalham para proteger os consumidores dos riscos relacionados com a alimentação.
São eles que “cozinham” a segurança alimentar. Este ano, com o foco em quatro domínios: alergénios, contaminantes, desperdício alimentar e higiene alimentar. Em cada um deles, há mensagens importantes a reter.
Alergias? O rótulo é que sabe
Comecemos pelos alergénios. Neste domínio, há que distinguir entre alergias e intolerâncias alimentares: no primeiro caso, estamos perante uma reação do organismo a determinada substância, com risco potencial para a saúde, enquanto no segundo se está perante uma dificuldade em digerir determinado nutriente. Diferenças à parte, partilham uma solução: evitar o(s) alimento(s) em causa.
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Mais uma vez, surge a pergunta “Como saber?”. A resposta está no rótulo. Nele têm de estar claramente identificados os alergénios, sendo que na União Europeia, graças ao trabalho da ciência, os fabricantes devem mencionar 14 dessas substâncias: glúten, leite, ovos, frutos secos, amendoins, soja, peixe, crustáceos, moluscos, aipo, tremoço, sésamo, mostarda e sulfito.
Consumir ou não consumir, eis o prazo
Da próxima vez que olhar para um rótulo coloque as “lentes” das alergias alimentares e encontra, certamente, alguns destes nomes. Mas, o rótulo tem muito mais para contar. E uma das conversas relevantes prende-se com o prazo de validade.
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Voltamos, assim, ao início deste artigo e a uma das dúvidas porventura mais frequentes. Há duas possibilidades: “consumir até” ou “consumir de preferência antes de”. No primeiro caso, o que está em causa é a segurança dos alimentos, significando que não é seguro consumir aquele alimento depois da data constante no rótulo. Já o segundo caso tem a ver com a qualidade do alimento. Na prática, se estiver devidamente conservado, pode ser consumido. A data é uma garantia de durabilidade mínima: o produto pode não ter o mesmo sabor ou a mesma textura, mas não causará doença, pelo que não é preciso deitá-lo fora. Consumi-lo evita o desperdício alimentar.
Sabe o que é a acrilamida?
Deixemos os rótulos e coloquemos agora as “lentes” de chef de cozinha. Primeiro, para falar de contaminantes alimentares e depois para ver como, na prática, é possível reduzir o risco. Um dos principais é a acrilamida. Provavelmente, nunca ouviu falar, mas é igualmente provável que lide com ela todos os dias: é um químico que se forma nos alimentos amiláceos submetidos a altas temperaturas (acima de 120ºC), de que são exemplo os cereais de pequeno-almoço, as bolachas, as torradas, as batatas fritas. O que a ciência nos diz é que esta substância está associada a risco de cancro.
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Há, pois, que evitar a sua presença na alimentação. Como? Um dos cuidados maiores é evitar fritar ou torrar demasiado os alimentos. Gosta da torrada castanha? Prefira-a apenas dourada. Torce pelo croquete escurinho? O amarelo-dourado é melhor. Outro cuidado é não guardar as batatas no frigorífico, porque os níveis de açúcar aumentam e, com eles, os de acrilamida. Um lugar seco e escuro é o ideal.
Segurança + higiene alimentar = saúde
São conselhos da ciência. E há mais. Sabe-se (é a Organização Mundial de Saúde que o atesta) que alimentos não seguros contendo bactérias, vírus, parasitas ou substâncias químicas prejudiciais podem causar mais de 200 doenças.
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É aqui que entra a higiene alimentar com um conjunto de regras que, à primeira vista, parece muito básico, mas que é essencial para deixar os micróbios à distância: mantenha tudo limpo; separe crus de cozinhados; cozinhe os alimentos completamente; mantenha os alimentos a temperaturas seguras; descongele em segurança; utilize água potável e matérias-primas seguras.
Afinal, trata-se de escolher segurança alimentar – #EUChooseSafeFood. Dando a palavra à ciência, esta campanha visa sensibilizar os cidadãos europeus entre os 25 e os 45 anos, centrando-se nos jovens pais. Mas, as decisões informadas e as escolhas acertadas não têm idade. E a saúde agradece!
Quiz: vamos tirar a prova dos 9 sobre segurança alimentar?
Como são as suas escolhas alimentares diárias? Serão seguras ou nem por isso? Faça o teste e descubra!