A emergência tem, muitas vezes, um efeito aglutinador, capaz de fazer esbater as diferenças, de reunir adversários e agregar todos num objetivo comum. Ao fim de mês e meio de presidência de Donald Trump, da sua reaproximação a Vladimir Putin, e após a cena surrealista e humilhante vivida, há uma semana, por Volodomyr Zelensky na Sala Oval, os líderes europeus perceberam que estão mesmo perante uma emergência. E, sem perderem tempo, conseguiram forjar uma inédita coesão com vista à reconstrução de uma potência militar no espaço europeu, capaz de se libertar do escudo protetor dos EUA e, em simultâneo, poder enfrentar frontalmente a ameaça russa.
Desta vez, ao contrário do que sucedeu em vários momentos da União Europeia, tudo indica que não estamos apenas perante uma declaração de intenções ou de uma declaração ruidosa, mas que acaba por terminar em mais uma regulamentação burocrática e tantas vezes inócua. Agora, parece que estamos mesmo a assistir a uma verdadeira revolução no espaço europeu e, porventura, ao início de uma nova era.
Os sinais estão à vista: depois de décadas a pugnar pela paz e pelo desarmamento, a Europa muda o seu paradigma. A ordem agora é só uma: mais e mais armas. Usar todo o dinheiro possível para remodelar e reforçar a indústria de defesa. Com uma rara unidade que, até há poucas semanas, parecia impossível, mas que, neste momento é partilhada pelos líderes da Alemanha e de França, da Polónia e de Itália, passando por Espanha e quase todos os outros, com a óbvia e cínica exceção da Hungria, de Viktor Orban.
Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler