A regulação do mercado de arrendamento, a subida das taxas de juro associadas aos créditos à habitação e o preço das casas são algumas das maiores preocupações que levaram milhares de portugueses a sair à rua, este sábado, para mostrar a sua insatisfação perante o atual estado da habitação em Portugal.
Os protestos estendem-se pelas principais cidades do País, onde a dificuldade para encontrar uma casa a custos acessíveis se torna cada vez mais difícil. Habitantes de Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Aveiro e Viseu erguem a voz contra uma realidade que consideram insustentável, aparentemente descrentes nas recentes medidas anunciadas pelo Governo para atenuar o problema – não é totalmente garantido, de resto, que Marcelo Rebelo de Sousa dê luz verde ao Programa Mais Habitação, sobre o qual já teceu fortes críticas.
“A ver se o Governo acorda para a miséria que os portugueses estão a passar”, clamou, em Lisboa, um manifestante de 81 anos, revelando à SIC que, para renovar o contrato de arrendamento, o senhorio estava a exigir-lhe um aumento de €442 para €1000 mensais. Sem esconder o desespero, acrescentou que já gasta toda a reforma com a renda atual, sobrevivendo “com esmolas” para se alimentar e outras despesas.
Um jovem de 27 anos, por seu lado, afirmou à RTP 3 que está impossível juntar-se à companheira, apesar de ambos trabalharem. “A malta jovem tem se manifestar mais, porque a casa é um direito e cada vez menos ele é reconhecido em Portugal. Eu e a minha companheira recebemos um salário acima dos €1000 e nenhum de nós tem possibilidade de sair de casa dos pais, com as rendas de um T1 ou T2 a rondarem os €700 ou €800”, lamentou.
Os muitos cartazes acentuam a mensagem de descontentamento, à medida que os manifestantes percorrem as principais artérias das cidades. “Fim dos despejos” é dos pedidos mais presentes. “Sempre os mesmos a pagar o aumento dos custos de vida” é outro, sinal de um desagrado que está longe de se ficar por este ou aquele problema, isto quando a inflação também não tem dados tréguas.