A audição dos três seguranças detidos pela PSP por agressões a jovens junto às instalações da discoteca Urban Beach, em Lisboa, começou hoje depois das 13:30, no Campus da Justiça de Lisboa.
Após a audição dos três funcionários da empresa de segurança privada PSG, o tribunal divulgou um comunicado “para salvaguardar a tranquilidade pública”.
De acordo com a nota, a dois dos arguidos foi imputada a “autoria de um crime de homicídio qualificado na forma tentada”.
O terceiro, a quem é imputado o crime de ofensa à integridade física, saiu em liberdade, mas sujeito a várias medidas de coação, nomeadamente termo de identidade e residência, proibição de contactar com as vítimas e com os coarguidos, além de ficar impedido de exercer a atividade de segurança privada.
Segundo o tribunal, os dois arguidos que ficaram em prisão preventiva poderão passar para prisão domiciliária, depois de os serviços elaborarem um relatório para verificar se existem condições para tal.
À saída do tribunal, Joaquim Oliveira, advogado de um dos seguranças, confirmou aos jornalistas que o seu cliente ficou em prisão preventiva e referiu que um dos pressupostos é o “alarme social”.
Sobre a decisão da juíza, o advogado comentou que “os pressupostos são totalmente subjetivos em relação ao que se passou”.
“Todos temos um dia mau. Foi um dia mau para o meu cliente. Não estou a justificar” as agressões, disse, depois de referir que “as coisas não começam naquele vídeo”.
O advogado referiu que o relatório hospitalar não indicou “danos nos tecidos nem nos ossos” da vítima das agressões. Além disso, acrescentou, “as coisas não começam naquele vídeo” que foi divulgado publicamente.
Na sequência das agressões, registadas em vídeo que se tornou público, a PSP deteve, inicialmente, um segurança da discoteca Urban Beach, na madrugada de sexta-feira, por “fortes indícios” do crime de ofensas à integridade física graves.
Após a primeira detenção e ainda na sexta-feira, a Direção Nacional da PSP informou, em comunicado, que “mais dois suspeitos, sobre os quais tinham sido emitidos mandados de detenção pela autoridade judicial competente, já se encontram detidos em instalações policiais”.
Neste âmbito, a Polícia sublinhou que, após o registo da ocorrência, a análise do vídeo publicamente divulgado e de diligências policiais, foi possível identificar os agredidos e os vigilantes agressores.
A Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) destacou também que a PSP realizou, durante a madrugada de sexta-feira, “inúmeras diligências cautelares de recolha urgente de meios de prova para identificação dos respetivos autores dos crimes divulgados, efetuadas no âmbito do inquérito instaurado pelo Ministério Público”.
A investigação decorre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, na Unidade Especial de Combate ao Crime Especialmente Violento (UECCEV), com a coadjuvação da PSP.
O Ministério da Administração Interna ordenou o encerramento do espaço na madrugada de sexta-feira, alegando não só o episódio de quarta-feira, mas também as 38 queixas sobre a Urban Beach apresentadas à PSP desde o início do ano, por alegadas práticas violentas ou atos de natureza discriminatória ou racista”.
A discoteca vai ficar fechada durante seis meses.