Desde o caso de dezembro de 2008 até ao processo que agora enfrenta, pelo menos cinco juízes decidiram em seu desfavor, ora decretando a sua prisão preventiva ora condenando-o a 7 anos de cadeia, por carjacking. Como pode atribuir motivos obscuros a quem o investiga e acusa?
No processo de dezembro de 2008 (carjacking), fui condenado a 5 anos de prisão efetiva e não a sete. Vim a ser julgado por esse crime, que não cometi, e é espantoso que as declarações de uma só pessoa levem qualquer cidadão a ficar privado da liberdade durante 5 anos. No julgamento, nunca se fez prova de que fui o autor desse crime. A viatura em causa veio a ser apreendida dias depois da minha detenção, sendo que há registos de participações de assaltos (portagens da Marateca) em horas e data em que já me encontrava detido na GNR de Setúbal. Posteriormente, a viatura seria sujeita a perícias, nas quais não foi encontrada qualquer prova que me ligasse à mesma. Hoje, tudo me leva a crer que a vítima do carjacking foi influenciada de alguma forma para que me apontasse como o autor do crime.
A sua primeira fotografia para registo policial foi-lhe tirada aos 17 anos. Que pensamentos o invadem na cela da prisão?
Que a minha juventude passou e pouco ou nada dela usufruí, daquilo que é normal um jovem viver durante esse período. Existe em mim um sentimento de injustiça perante as constantes acusações da prática de vários crimes, sendo alguns menores e realmente fundamentados, com os quais incorri em pena de multa. Já em relação a outros que me são imputados, afirmo que nada tenho a ver com os mesmos. Penso que a razão de me atribuírem os referidos crimes se deve ao facto de viver num bairro social, bem como conviver com algumas pessoas que, no entender das autoridades, vivem da prática de crimes.
Entre os seus amigos, há quem o apelide de “exibicionista”, “destemperado” ou “irresponsável”. E o Fábio, como se define?
Apenas tenho a dizer que nenhuma dessas qualificações se enquadra na minha personalidade ou na minha maneira de estar na vida. Quero frisar, aliás, que tenho poucos amigos e não acredito de todo que os mesmos vejam em mim tal tipo de comportamento. Quem vos forneceu tal informação não se enquadra no tipo de pessoas que considero amigos.
Que tipo de apoio recebe dos seus familiares? O Fábio tem família constituída?
O apoio que recebo da minha família é total, seja material, pessoal e sentimental. Tenho uma namorada, e um filho de uma anterior relação, com o qual convivo com normalidade e assiduidade.
Às autoridades, apresenta-se como eletricista. Mas não há registo de exercer a profissão. Como ganha a vida, tendo em conta o seu gosto por roupas de marca e bons carros?
Perante as autoridades mencionei a profissão de eletricista, pois era uma área de trabalho que exercia por conta de outrem, embora não me tenha especializado. Quanto à forma como ganho a vida: é através do trabalho acima mencionado, bem como no negócio familiar de restauração (fabrico e venda de pastelaria) em espaços abertos dispersos por Setúbal e Barreiro. Em relação ao meu gosto por roupas de marca e bons carros, suponho que todos nós temos. Adquiro roupas sempre que me é possível, mas não tantas quantas gostaria. Sobre os carros, nenhum deles é minha propriedade pessoal, mas sim familiar.
Quais são os seus hóbis e gostos?
São diversos: filmes de comédia, música romântica, etc. Preferência clubística: Sport Lisboa e Benfica.
Como surgiu a alcunha de Quinito?
Foi em 2001, quando comecei a jogar à bola nas escolinhas do Quinito, jogador do Vitória de Setúbal. Fruto do meu empenho, tornei-me num dos melhores pontas de lança do clube, vindo mesmo a ser convidado para jogar no Benfica (juniores), o que só não aceitei por estar a namorar com uma rapariga em Setúbal. Aceitando a proposta, teria de mudar de escola e cidade, e seria impossível num namoro frequente, devido à distância. Relembro que em 2001 as pessoas não tinham facilidade de comunicar umas com as outras, por telemóvel ou através das redes sociais.
Com que atividades contorna o ambiente da prisão?
Visto que me encontro agora em reclusão no Estabelecimento Prisional Regional de Setúbal e o mesmo não dispõe de condições para atividades, dedico o meu dia à prática de jogos de mesa, como dominó, cartas e xadrez. Ressalvo que noutros EP’s, em que anteriormente estive em reclusão, contornei o ambiente asfixiante a estudar e a trabalhar.
O que imagina e planeia para o seu futuro?
Em primeiro lugar, resolver este assunto judicial. Após estar completamente solucionado, tenciono voltar ao meu negócio familiar e continuar a ser uma mais-valia para a sociedade.