Em 1949, quando o mundo estava ainda a lamber as feridas de uma guerra que trouxera ao de cima o pior da Humanidade, um psiquiatra ligeiramente estrábico, de grandes orelhas e sorriso trocista, publicou um artigo científico em que descrevia as crianças autistas como tendo sido criadas em “frigoríficos emocionais”.
Seis anos antes, Leo Kanner cunhara o termo “autismo infantil precoce”, após estudar oito meninos e três meninas que demonstravam distanciamento social, dificuldades de comunicação e comportamentos e interesses estereotipados, “particularidades fascinantes” que estavam frequentemente associadas a deficiência cognitiva.

