O partido liderado por Assunção Cristas confirmou à VISÃO que vai chamar “com carácter de urgência” ao Parlamento o ministro do Planeamento, Pedro Marques, e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Depois de ter sido confrontado com um relatório secreto do LNEC que alertava para a urgência de haver obras de recuperação da ponte para evitar o seu colapso, o Executivo anunciou esta o início do processo de intervenção, disponibilizando uma verba de 18 milhões de euros. O Ministério das Infraestruturas tinha pedido às Finanças a autorização para avançar com as obras há cerca de seis meses mas o gabinete de Mário Centeno apenas disponibilizou a verba esta quarta-feira, já depois de ter tido conhecimento da investigação da VISÃO.
O deputado centrista Hélder Amaral diz que “quando está em causa uma infraestrutura como a Ponte 25 de Abril a tolerância é zero”, justificando assim a posição do partido de chamar ao Parlamento os responsáveis envolvidos neste caso. “Queremos que o LNEC explique quais os problemas encontrados e nos apresente os relatórios”, afirma. Os primeiros avisos foram dados há cerca de dois anos pela Infraestruturas de Portugal e os centristas querem que o Executivo justifique a razão para ter “ignorado” os primeiros sinais de alarme. “O CDS quer ouvir o ministro Pedro Marques para entender a demora na resposta: houve ou não houve aqui falha do Governo?”.
Além destes responsáveis, a hipótese de chamar também Mário Centeno não está excluída. “Através das cativações, o ministro das Finanças está a levar o país para o colapso: temos de averiguar se neste caso a política de cativações voltou a vigorar”, afirma ainda Hélder Amaral. “Parece haver um rosto para isto tudo…”, conclui, referindo-se indiretamente ao ministro Mário Centeno.
Na manhã desta quinta-feira, em conferência de imprensa , o deputado centrista voltou a reforçar a necessidade de ouvir o presidente do LNEC, Carlos Alberto de Brito Pina, e os ministros das Infraestruturas e das Finanças. “O Parlamento não pode continuar a desconhecer este relatório”, disse. A crítica do CDS parece ter um alvo definido: Mário Centeno – “o responsável disto tudo”, categorizou Hélder Amaral. “Este caso não é único”, lembrou o parlamentar centrista antes de enumerar um conjunto de casos em que “a falta de intervenção do Governo” criou constrangimentos. Exemplos que foram desde descarrilamentos em várias linhas férreas até quedas de catenárias na linha de Cascais, passando pela sobrecarga a que estão sujeitos os barcos da Transtejo. Para os centristas, “o Governo tem de se explicar” para evitar que se criem “alarmismos” desnecessários.
Também esta quinta-feira, o Bloco de Esquerda anunciou no Parlamento que vai solicitar ao LNEC o envio do relatório secreto que está na origem da investigação da VISÃO e pedir explicações ao Governo sobre a demora na resposta.