Na Conferência de Segurança de Munique, a 17 de fevereiro, perante centena e meia de governantes, diplomatas e militares do mundo inteiro, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, lançou um sério aviso a quem o escutava: “Não perguntem à Ucrânia quando vai terminar a guerra. Perguntem antes por que motivo é Putin ainda capaz de a prosseguir.” Num tom de visível irritação, as palavras do antigo ator foram proferidas no mesmo dia em que as forças armadas russas reconquistaram Avdiivka, uma cidade industrial que, há dois anos, tinha 32 mil habitantes e agora, em ruínas, dá ainda abrigo a 900 almas, sobretudo anciãos que recusam abandonar as suas casas.
Após quatro meses de combates, em inferioridade numérica, sem munições suficientes e sob implacável fogo aéreo e de artilharia, o general Oleksandr Tarnavsky, comandante das tropas sob assédio, a 3ª Brigada de Assalto, justificou-se: “Numa situação em que o inimigo avança sobre os cadáveres dos seus próprios soldados e com uma vantagem de dez para um, a retirada é a única decisão possível.” A contragosto, tal como sucedera com Bakhmut, em maio de 2023, Zelensky teve de se conformar com o recuo dos seus homens, para não serem massacrados (centenas terão sido capturados), e não sem antes acusar a audiência, na capital bávara, de ser responsável por uma “situação artificial de penúria de armamento”.