Minuto 1
O número de norte-americanos que não votou nas eleições presidenciais que elegeram Donald Trump está estimado em 121 milhões (46,6 %). Um abstencionismo do tamanho de Portugal…multiplicado quase 12 vezes. Assustador? No ato eleitoral que elegeu Marcelo Rebelo de Sousa mais de metade dos inscritos não foi às urnas. Ora, em que lugar é que isso nos coloca no panorama mundial segundo dados das últimas eleições presidenciais realizadas em todo o planeta? Em 24º, atrás de países como o Turcomenistão, Indonésia, Gana, Seychelles e Guiné-Bissau, por exemplo. Isto só para falar de nações onde o voto não é obrigatório.
Minuto 2
Uruguai, Equador e Peru são os países com as mais altas taxas de participação eleitoral. Mas o voto é obrigatório naqueles territórios da América Latina. E isso é decisivo? Depende. O voto é também obrigatório no Egito ou em Singapura, mas estes países têm, mesmo assim, baixas taxas de votantes. O Uruguai, independentemente do facto de ter instituído o voto obrigatório a partir dos anos 70, teve sempre uma tendência alta de participação eleitoral. Em Itália é sempre descer. Antes e depois do voto obrigatório. Na cauda de todas as nações estão o Senegal, a República Centro Africana e o Haiti, países com voto facultativo.
Minuto 3
O primeiro país europeu a aparecer na lista dos países com mais altas taxas de votantes nas últimas eleições presidenciais é a Turquia, com mais de 70% de eleitores. Mas a democracia não vive ali os seus dias mais risonhos. Bem pelo contrário, a julgar pelas notícias que nos chegam. Lá, o voto é obrigatório, mas isso não confere aos turcos mais do que um 15º lugar. Mais abaixo, em 21º, vem a Sérvia. E depois, Portugal. Ambos com voto facultativo. Se estamos em terceiro e os analistas consideram muito preocupante o problema da abstenção, fácil é concluir que na Europa a saúde das democracias já foi bem melhor.
Minuto 4
Apesar de não faltarem países onde continuamos longe de atingir padrões mínimos para reconhecer uma eleição como democrática, que tendências eleitorais estão a espelhar-se em todo planeta? Apesar de alguma queda na participação eleitoral do gigante Brasil (onde o voto, de resto, é obrigatório), a generalidade dos países da América Latina tem, desde 1980, experimentado uma subida considerável de votantes. Segundo os mais recentes dados disponíveis, Europa, EUA e Canadá vão no sentido inverso: em pouco mais de 30 anos, esses três grandes blocos populacionais perderam quase 20 % de participação eleitoral em eleições presidenciais.
Minuto 5
Quando chegam as eleições norte-americanas todos agimos como se também votássemos. O papel dos EUA no mundo assim o dita. Ora, se os eleitores de outros Países pudessem dizer de sua justiça na urna qual dos candidatos teriam escolhido? Segundo diversas sondagens, Dinamarca, Finlândia e Noruega teriam votado de forma esmagadora em Hillary Clinton. De resto, a inclinação de algumas das maiores nações do mundo seria essa, com maior ou menor diferença. Só um país não cabe nesta “fotografia”: a Rússia. Ali, no território do velho inimigo da “guerra fria”, a maioria dos eleitores escolheria Trump. Se os votos falassem…
Fontes: YouGov, Handelsblatt, IDEA (International Institute for Democracy and Electoral Assistance) e United States Elections Project.