Hungria
O primeiro-ministro Viktor Órban é o chefe de fila dos governantes europeus com um discurso anti-EU e assumidamente islamofóbico. O Brexit pode servir-lhe de pretexto para aprofundar a “democracia iliberal” que reina em Budapeste e cuja influência já se faz sentir em Varsóvia, Bratislava e Praga.
Suíça
O país que é também a maior praça offshore do globo – com 25% dos ativos financeiros transfonteiriços do planeta, qualquer coisa como 2 biliões de euros – pode ser beneficiado com o Brexit: consultora Boston Consulting Group dá como provável que muitos investidores troquem a City de Londres pelos bancos helvéticos.
Dinamarca
Um estudo divulgado na última semana revela que 42% dos habitantes do reino consideram ser necessário um referendo sobre a continuação do país na União Europeia. A questão migratória divide os dinamarqueses e o DF, de extrema-direita e segundo partido mais votado nas legislativas de 2015, influencia cada vez mais as políticas de Copenhaga.
Áustria
Se os austríacos fossem agora às urnas, a extrema-direita poderia ser recompensada e controlar pela primeira vez os destinos do país. O líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, já fala numa “nova Europa” em que ele, Marine Le Pen, Matteo Salvini e Frauke Petry vão mandar no Velho Continente.
Noruega
Aliado tradicional do Reino Unido, esteve durante uma década a negociar a sua adesão à então CEE. Em 1972, quando estava prestes a tornar-se membro de pleno direito, os noruegueses impediram que tal acontecesse em referendo. Em 1994, a história repetiu-se. Face ao Brexit, é pouco provável que haja um terceiro escrutínio tão cedo e a participação norueguesa no espaço económico europeu e na zona Schengen pode ser revista.
Polónia
Este é um país onde mais de dois terços da população ainda vê com bons olhos a União Europeia mas cujo governo, liderado pelo partido Lei e Justiça, entrou numa deriva nacionalista contra Bruxelas. O Brexit pode aumentar a retórica eurofóbica em Varsóvia e há até quem aí fale em Polexit.
Espanha
Irá o Brexit influenciar as legislativas do próximo dia 26? A crise comunitária parece beneficiar os partidos mais à esquerda e não é por acaso que os militantes do Podemos e da Esquerda Unida são os mais eurocéticos. O futuro Governo de Madrid terá sempre de negociar a multa de dois mil milhões de euros que Bruxelas lhe quer impor pelo défice excessivo de 2015.
Holanda
Pelo menos 40 mil empregos e 10 mil milhões de euros é quanto o país das tulipas pode perder com o Brexit até 2030 (cerca de 1,2% do PIB). As contas são de um instituto público, o CPB Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis.
Alemanha
A chanceler alemã está em queda livre nas sondagens e mantém um prudente silêncio sobre o Brexit. A sua polémica gestão dos refugiados pode impedi-la de concorrer a um quarto mandato nas legislativas de 2017 e as críticas de Berlim a Bruxelas – e sobretudo ao BCE – são cada vez mais violentas.
França
Governo de Paris já revelou que o Brexit, a confirmar-se, será um facto “irreversível” e que os britânicos não terão outra oportunidade para reentrar na União Europeia, caso se arrependam. O segundo maior investidor no Reino Unido (logo depois dos EUA) defende que é preciso formalizar quanto antes o divórcio entre Londres e o clube de Bruxelas. Até já lançou uma campanha internacional para a Cidade Luz substituir a City londrina como o maior centro financeiro do Continente.