1. Impact com Gal Gadot, National Geographic
São todas mulheres, as protagonistas do documentário Impact com Gal Gadot, exibido no canal National Geographic. De Detroit ao Rio de Janeiro, de Porto Rico à Califórnia, acompanhamos os projetos de vida de Kameryn, Kelsey, Arianna, Kayla, Chief Shirell e Tuany, seis mulheres marcadas por contextos difíceis de violência, pobreza, discriminação e dor, mas que superaram as circunstâncias, criando movimentos com impacto profundo nas suas comunidades.
A escola de ballet Na Ponta dos Pés, criada pela bailarina brasileira Tuany Nascimento, moradora na favela Morro do Adeus, foi a história que inspirou a atriz israelita Gal Gadot, anfitriã e uma das produtoras executivas do documentário, a procurar outras histórias como esta. É assim que surgem Kameryn, treinadora de patinagem no gelo que desenvolveu, em Detroit, um programa dedicado a educar e dar poder a raparigas negras; a californiana Kelsey, que perdeu a sua irmã para a Covid-19 e, através de sessões de terapia com surf, trata mulheres com o mesmo trauma; Arianna, estudante universitária de Porto Rico que, depois de o furacão Maria ter devastado a ilha, luta por garantir o acesso a água potável; a transgénero Kayla, cofundadora da My Sistah’s House, uma organização que constrói casas para mulheres como ela; e por fim, Chief Shirell, uma líder tribal do Louisiana que luta contra o desaparecimento do seu território. Uma sucessão de relatos e imagens intensas à procura de finais felizes. De Vanessa Roth e Ryan Pallotta > 77 minutos
2. Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl), Amazon Prime
Numa Cabul destruída, 17 anos depois da queda dos talibãs, o Afeganistão é um dos piores lugares do mundo para se ser uma menina. A maioria casa-se cedo e a violência é uma ameaça dentro e fora de casa. A curta documental Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl) – Aprender a andar de skate num cenário de guerra (se fores uma rapariga), numa tradução livre para português – acompanha um projeto de integração de crianças e jovens através do ensino do skateboarding. Amira, Reihana, Khalida e Mina têm entre 8 e 12 anos e não sabem ler nem escrever. O Skateistan, uma ideia do australiano Oliver Percovich que tomou forma em 2007, foi a oportunidade de se sentarem numa sala de aula. Para elas, coragem é sinónimo de ir à escola. A curta realizada em 2018 por Carol Dysinger (vencedora de um Oscar, de um BAFTA e do Tribeca Film Festival na mesma categoria) relata, em 39 minutos, histórias de esperança, sonhos e superação. Hanifa, a atual instrutora de skate, aos 12 anos andava a vender chá no parque onde conheceu uma professora que a encaminhou para o Skateistan. Puseram-na na primeira classe e demorou um mês a manter-se em cima do skate e a dar impulso. Agora, é ela quem transmite segurança àquelas meninas, que sonham vir a ser piloto, médica, professora ou jornalista. S.C. De Carol Dysinger > 39 minutos
3. Destino Japão, Odisseia
A propósito dos Jogos Olímpicos em Tóquio, um ciclo de cinco documentários no canal Odisseia dá a conhecer o Japão. No primeiro episódio, Japão desde o Ar, viajamos por tradições milenares que unem o passado à Natureza, sob o desígnio dos quatro elementos (Fogo, Água, Terra e Ar): o fabrico de katanas usadas pelos samurais; o cultivo do arroz que esculpe as paisagens; os campos de chá – “fazer chá é dar amor”, diz um produtor –; os campos de wasabi e de sal; as maiko (gueixas) e os grous-do-Japão, ave de plumagem branca considerada sagrada. Todos os sábados, um novo tema – Odisseia Vulcânica: Gigantes Inquietos (10 jun) sobre os seus mais de 100 vulcões ativos; Japão, as Quatro Estações (17 e 24 jul); e, por fim, em Tóquio Selvagem (31 jul), veremos como numa cidade ultramoderna, com 38 milhões de habitantes, coabitam fauna e flora. 5 episódios > até 31 jul, sáb 16h
4. A Terra do Mel, Filmin
As imagens iniciais mostram uma paisagem montanhosa inóspita. Nela, surge a figura de Hatidze Muratova a tratar de uma colmeia, de mãos descobertas. É ela a protagonista de A Terra do Mel, filme de estreia de Ljubomir Stefanov e Tamara Kotevska, premiado na edição 2019 do Festival Sundance, e o primeiro a ser nomeado em simultâneo na categoria de Melhor Documentário e Melhor Filme Estrangeiro nos Oscars 2020. A dupla de realizadores acompanhou, durante três anos, a vida desta mulher de rosto marcado, a última caçadora de abelhas da Europa que vive com a mãe, de 85 anos e dependente, numa região isolada da República do Norte da Macedónia. A apicultura é o seu único meio de subsistência e, apesar da pobreza, respeita uma das regras fundamentais da atividade: retira apenas metade do mel da colmeia, o resto garante o sustento das abelhas e o equilíbrio da Natureza. Um dia, Hatidze vê chegar uma família nómada numerosa e barulhenta que se instala na vizinhança, com quem cria inicialmente uma relação de amizade, até o patriarca Hussein se intrometer no negócio do mel, criando colmeias próprias e retirando o máximo possível das mesmas, sem se preocupar com as recomendações de Hatidze, que vê a sua subsistência ameaçada e o desequilíbrio instalado. De Ljubomir Stefanov e Tamara Kotevska > 85 minutos
5.The Legend of the Underground, HBO
Mais do que um documentário, trata-se de um retrato da homofobia na Nigéria, país onde a homossexualidade é punida com uma pena que pode chegar aos 14 anos de prisão. Os realizadores de The Legend of The Underground, Giselle Bailey e Nneka Onuorah, revelam aquela que é uma espécie de caça às bruxas contada na primeira pessoa. O mundo clandestino em que se esconde a comunidade gay nigeriana em Lagos, a capital, é relatado através do testemunho pessoal de homens como o popular travesti James Brown (foi um dos acusados de homossexualidade no julgamento que levou 47 homens a tribunal em 2019), o apresentador de televisão Denrele Edun ou, entre outros, Micheal Ighodaro, que se exilou em Nova Iorque, nos EUA, onde se tornou um dos mais aclamados ativistas da comunidade LGBTQI+. “Lutar ou fingir”, assim se tenta sobreviver na Nigéria, enquanto se clama: “Só seremos livres, quando todos forem livres.” De Giselle Bailey e Nneka Onuorah > 86 minutos
6. Para Sama, Filmin
Ao longo de cinco anos, de 2012 a 2017, a jornalista e ativista Waad Al-Kateab gravou o que se passava à sua volta na cidade de Alepo, na Síria, palco de um dos confrontos mais sangrentos da atualidade. De câmara na mão, fez mais de 500 horas de filmagens durante o conflito, testemunhando histórias de sobrevivência, perdas e alegrias, incluindo as da sua própria vida, num relato cru e intenso. Durante este período, Waad apaixona–se por um médico também ativista, casa e tem uma filha, Sama, nome que dá título a este documentário, uma carta de amor de uma jovem mãe que luta pela democracia e liberdade de um povo. Durante mais de uma hora e meia, somos confrontados com a realidade do dia a dia – bombardeamentos, falta de bens essenciais, destroços e vidas perdidas, numa cidade destruída massivamente – e também com o conflito interior de Waad e do seu marido, entre ficar ou sair do país. Produzido, narrado e realizado pela jornalista, Para Sama ganhou o prémio L’Oeil d’Or para documentário no Festival de Cinema de Cannes, recebeu o BAFTA para Melhor Documentário e teve uma nomeação para o Oscar na mesma categoria. De Waad Al-Kateab e Edward Watts > 100 minutos
7. A Grande Onda da Nazaré, HBO
Vai fazer dez anos, em novembro de 2011, que o surfista norte-americano Garrett McNamara pôs a Praia do Norte, na Nazaré, nas bocas do mundo, quando surfou uma onda gigante (23,78 metros) que foi parar ao Recorde Mundial do Guinness. Esta série documental de seis episódios, com o nome original 100 Foot Wave, dirigida pelos veteranos e premiados Chris Smith e Joe Lewis, percorre o antes e o depois dessa data épica que ajudou a transformar a vila piscatória do distrito de Leiria num destino mundial de surf. Nessa altura, McNamara tinha 44 anos e, até então, diz no documentário, “nunca tinha ouvido falar na Nazaré”.
A minissérie mostra-nos como esse feito mudaria a sua vida e a de dezenas de pessoas da Nazaré. Está lá tudo: o Havai, onde recebeu o primeiro email do bodyboarder português Dino Casimiro com as fotos do Canhão, convidando-o a conhecer as grandes ondas da Praia do Norte; a sua vivência na vila, durante meses, com a sua mulher e manager Nicole (foi na Nazaré que casaram); os apoios financeiros; a chegada de outros amigos surfistas (e até mesmo da mãe, Malia), a quem mostrou aquele mar “grande e perigoso”; o estudo minucioso no Instituto Hidrográfico sobre a formação das ondas; e a comida servida naquele que se tornou o seu restaurante de eleição, A Celeste. A Grande Onda da Nazaré é também um documentário biográfico do surfista e o relato de superação de um destemido Garrett McNamara, que, a caminho dos 54 anos, sempre andou à procura das grandes ondas: “Sou um explorador dos mares. Sinto-me melhor na água do que em terra.” Nesta minissérie, essa paixão percebe-se bem. E a vila da Nazaré agradece. De Chris Smith e Joe Lewis > 6 episódios
NÃO HÁ PLANETA B: Três documentários sobre a urgência ambiental
8. A Sabedoria do Polvo, Netflix
Vencedor do Oscar para Melhor Documentário, na edição deste ano, A Sabedoria do Polvo foi um dos sucessos de 2020 na Netflix. Com um registo muito diferente do clássico documentário de Natureza, por lá continua, a contar esta história invulgar sobre a relação criada entre o realizador sul-africano Craig Foster, que numa crise de meia-idade começa a mergulhar nas águas da costa da Cidade do Cabo, e um polvo. De Pippa Ehrlich e James Reed > 85 minutos
9. David Attenborough: Uma Vida no Nosso Planeta, Netflix
“O mundo natural está a desaparecer.” O aviso é do britânico David Attenborough que, numa analogia entre o crescimento da população e o decréscimo da vida selvagem, nos alerta que iremos “consumir a Terra até a esgotarmos”. O documentário começa e termina na cidade ucraniana de Pripiat, abandonada desde o desastre nuclear de Chernobyl, agora invadida pela Natureza. De Alastair Fothergill, Jonathan Hughes e Keith Scholey > 83 minutos
10. Mission Blue, Netflix
Um documentário sobre a vida de Sylvia Earle, bióloga e oceanógrafa, na sua luta para proteger os mares. “Se não cuidarmos dos oceanos, nada mais importa. Enfrentamos um paraíso perdido”, afirma. Mission Blue, nome da fundação não lucrativa de Sylvia Earle, conta, entre outros, com a participação do cineasta e ambientalista James Cameron, que apelida a investigadora de “Joana d’Arc dos mares”. De Robert Nixon e Fisher Stevens > 94 minutos