Quem tem filhos sabe de cor as estratégias e as manobras de diversão que usamos para os levarmos até onde queremos sem eles darem logo por isso. Quem não tem lembra-se de certeza das estratégias e das manobras de diversão que os pais utilizaram para os levarem até onde queriam, achando que eles não iriam dar por isso (davam, claro que davam).
Antes de sermos pais juramos que não vamos cair nesses truques, mas claro que acabamos por cair e mais cedo do que contávamos, penso quando regresso por uma vez sozinha ao Aquário Vasco da Gama, decidida a subir diretamente ao museu sem passar pela lula gigante, pelos ovos de pata-rocha ou pelo primo do Nemo sempre a entrar e a sair da sua anémona.
Ainda antes de subir, assusto-me com as alterações recentíssimas na entrada que ajudam a reler as campanhas oceanográficas do rei D. Carlos I. Acho graça à luz negra que faz saltar desenhos e frases do monarca na escadaria, mas entro a medo no museu. Quero as vitrinas pejadas de peixes em formol, quero a coleção de conchas de todos os tamanhos e feitios, quero sobretudo os animais embalsamados, as lontras, as otárias, as aves e as focas que a minha mãe me mostrava quando eu era pequena e hoje adoro mostrar às minhas filhas. É aproveitar enquanto ainda lá estão.