Chegou de mansinho e assumiu quase de repente grande protagonismo no mundo português dos vinhos. De si próprio, diz que é um “enólogo irrequieto” e, por isso, “inconformado, disruptivo, inconveniente, ousado, inquieto, arrebatador”. Fez o seu primeiro vinho em 2004 e agora produz vinhos em cinco regiões diferentes; criou três projetos de produção própria; apoia 12 produtores, através da sua empresa de consultoria; lança no mercado, por ano, mais de 50 rótulos de assinatura. Entretanto, recebeu galardões, como os de enólogo revelação ou de melhor enólogo do ano, e viu alguns dos seus vinhos reconhecidos entre os melhores (como o Vinha Centenária, da Azores Wine Company, aqui oportunamente apresentado).
O percurso começa no Alentejo, em 2004, numa parceria com o viticultor inglês David Booth, nos projetos Fitapreta Vinhos e Sexy Wines (o êxito do Sexy, de 2004, deveu-se mais à carga sugestiva do vinho do que à do nome, convém notar); prossegue no Douro, em 2011, numa dupla com a sua irmã Joana Maçanita, também enóloga; estende-se aos Açores, em 2014, com a criação da Azores Wine Company, pelo trio António Maçanita, Filipe Rocha e Paulo Machado, na ilha do Pico. Vem a propósito lembrar outra coisa que Maçanita diz, neste caso, sobre os seus projetos: “Nascem de desafios, de parcerias movidas pela amizade e pela cumplicidade de quem partilha a mesma visão e paixão pelo vinho” e que levam “à criação de vinhos únicos, especiais, produzidos em pequenas séries, que se diferenciam pela sua qualidade e originalidade”.
Ora, de António Maçanita, e do Alentejo, chegaram três vinhos que são exemplos acabados daquele propósito: três monocastas resultantes de ensaios inéditos com uvas da vinha Chão dos Eremitas, plantada em 1970, no sopé sul da serra d’Ossa. São novidades, raridades e vinhos notáveis que não podiam deixar de ser aqui referidos.
Chão dos Eremitas Alicante Branco Branco 2018
Cem por cento Alicante-Branco, também conhecido como Boal-de–Alicante ou Boal-Cachudo, num vinho único, até porque a casta não goza de grande fama. Tem cor amarela citrina, aroma intenso com notas frutadas a toranja e pêssego, paladar com volume e acidez em muito bom equilíbrio. Só 1 955 garrafas. €25
Chão dos Eremitas Tinta Carvalha Tinto 2018
De uvas da casta Tinta-Carvalha, caso único em Portugal, tem cor rubi muito aberta, aroma limpo, com enorme elegância, ressaltando as notas de frutos vermelhos, paladar com perfeito equilíbrio entre estrutura e acidez, final longo e memorável. Produção: 2 449 garrafas. €35
Chão dos Eremitas Trincadeira-das-Pratas Branco 2018
Vinho de uma só casta, Trincadeira–das-Pratas, outrora Tamarez no Alentejo. Tem cor amarela citrina, aroma fresco e frutado, paladar fino com boa textura, fruta expressiva, acidez excelente. Só 1 555 garrafas. €25